A presidente do Sindicato dos Jornalistas, Sofia Branco, defendeu esta quinta-feira que “não há jornalismo sem jornalistas”, sublinhando que a “liberdade de imprensa é uma causa dos cidadãos”.

Sofia Branco falava na sessão de abertura do quarto Congresso dos Jornalistas, que acontece após um hiato de quase 20 anos, sob o mote “Afirmar o Jornalismo”, que decorre entre esta quinta-feira e domingo no cinema São Jorge, em Lisboa.

Na sua intervenção, Sofia Branco considerou que os salários dos jornalistas “são indignos para a responsabilidade social que a profissão tem”, no dia em que foi conhecido que a maioria destes profissionais recebe menos de 1.000 euros líquidos por mês e um terço trabalha com vínculo precário, de acordo com o resultado do inquérito do ISCTE hoje divulgado.

A presidente sublinhou ainda que a “liberdade de imprensa é uma causa dos cidadãos” e não somente dos jornalistas.

“Estamos na mais grave crise das nossas vidas profissionais”, afirmou, por sua vez, Goulart Machado, presidente da Casa de Imprensa, salientando ainda que nos últimos 18 anos “muitos jornalistas abandonaram a sua profissão”.

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A tecnologia que nos dá extraordinárias ferramentas cria a ilusão disparatada de que somos, em certa medida, dispensáveis”, sublinhou.

Goulart Machado referiu ainda que o Congresso dos Jornalistas “não é um momento de catarse”, esperando que as conclusões resultem num mapa que “indique o caminho”.

Mário Zambujal, presidente do Clube de Jornalistas, recordou, na sua intervenção, o antigo Presidente da República Mário Soares, falecido no sábado, aos 92 anos, que gerou uma forte salva de palmas por parte da audiência.

“Também ele [Mário Soares] fez questão de estar presente no congresso de 1986”, afirmou, salientando que “tanto Soares como Marcelo (Rebelo de Sousa, presente na sessão de abertura] representam a liberdade de imprensa”.

Maria Flor Pedroso, presidente do quarto Congresso dos Jornalistas, sublinhou que a independência, credibilidade, rigor, pluralidade, isenção “não podem ser substantivos” usados pelos profissionais sem estes se interrogarem sobre o seu significado.

O jornalismo não pode, em contexto algum, deixar de ser serviço público”, afirmou.

Lembrou ainda os resultados de dois estudos sobre o setor e apontou: “Somos uma profissão de desgaste rápido”. Algo que considerou “perturbador”.

Deu ainda exemplo que o ano ainda mal começou, mas que dois títulos ‘online’ – Diário Digital e Setúbal Na Rede – fecharam.

Sobre o evento, adiantou que o “congresso não vai resolver o que não foi resolvido até agora”, mas disse esperar “pistas, soluções” para o setor.

“Pretendemos um A4 de conclusões”, disse Maria Flor Pedroso.

Ao contrário dos três congressos anteriores, o deste ano conta com as três organizações de jornalistas – Sindicato dos Jornalistas, Casa de Imprensa e Clube de Jornalistas.

Os três congressos anteriores tinham sido promovidos exclusivamente pelo Sindicato dos Jornalistas.