A Fundação Casa da Música e a Plataforma Global de Assistência a Estudantes Sírios promovem um concerto solidário no sábado, no Porto, cuja receita financiará a formação de estudantes sírios impedidos pela guerra de prosseguirem os seus estudos.

“Temos atualmente cerca de uma centena de estudantes sírios bolseiros por todo o país, alguns já a acabar a sua formação [superior], e procuramos organizar eventos como este [concerto] para angariação de fundos e sensibilização para a causa”, afirmou, esta sexta-feira, à Lusa Helena Barroco, da plataforma.

Com interpretação da Orquestra Sinfónica da Casa da Música, sob a direção do maestro titular Baldur Brönnimann, o Grande Concerto de Apoio a Estudantes Sírios terá lugar na Sala Suggia, sendo que a sala principal daquela instituição “está já lotada”, observou Helena Barroco.

Após o concerto, realizar-se-á no restaurante da Casa da Música um jantar solidário, também para apoiar a causa promovida pela plataforma, que foi lançada, em 2013, pelo antigo Presidente da República Jorge Sampaio e que já permitiu a mais de uma centena de estudantes universitários sírios prosseguirem os seus estudos.

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Helena Barroco referiu à Lusa que este concerto na Casa da Música será o primeiro evento de angariação de fundos de 2017, ano em que a plataforma pretende apoiar financeiramente, já a partir de fevereiro, a viagem para Portugal de mais “um novo grupo” (cerca de 20) de estudantes sírios universitários impedidos pela guerra de prosseguir a sua formação superior.

“As solicitações são às dezenas todos os dias”, disse, acrescentando que “está um novo grupo [de alunos] a ser definido e o que [se pretende] é trazê-lo em fevereiro”, aquando do arranque do 2.º semestre de aulas no ensino superior.

Além de pretender apoiar a viagem de mais estudantes sírios, a plataforma quer também “oferecer mais bolsas” a alunos daquela nacionalidade no Médio Oriente.

“Temos 50 estudantes fora de Portugal e estamos a tentar ultimar conversações com parceiros internacionais para alargar o apoio no domínio dos mais negligenciados, que são os estudantes de medicina e de formação em especialidades [médicas]”, afirmou.

Segundo Helena Barroco, estando já estes sírios a estudar em países como a Líbia e a Jordânia, faz todo o sentido que por lá continuem, mas como não têm meios financeiros para prosseguirem os estudos ou não há vagas para isso, a plataforma está a negociar e a tentar a sua permanência nesses países.

Em setembro, em Nova Iorque, nos Estados Unidos, Jorge Sampaio comprometeu-se, durante a reunião anual da Clinton Global Initiative, com a atribuição de 200 bolsas a estudantes de medicina sírios e de formação complementar para 200 médicos do mesmo país.

Desde o início da guerra na Síria, segundo um relatório de 2015, morreram mais de 700 médicos, cerca de 50% destes profissionais fugiram do país e muitos estudantes de medicina abandonaram os estudos.

A plataforma está ainda a dar apoio a pedidos de refugiados recolocados em Portugal, designadamente a estudantes que foram forçados a interromper os estudos no ensino superior, concluiu Helena Barroco.