O deputado socialista João Galamba defendeu em entrevista ao jornal i que a nacionalização é a melhor solução para o Novo Banco. “O setor [bancário em Portugal] está num estado tal que não é compatível com uma venda aceitável”, explica Galamba, concluindo: “A nacionalização cria espaço para resolver este problema”. Um problema que o socialista atribui às reformas que a coligação PSD-CDS realizou durante o “período da troika”. “O ajustamento do sector foi um fracasso durante esse período e hoje há um problema. O FMI, a Comissão Europeia e a OCDE concordam que o setor bancário é um dos principais problemas do país”, lembra.

João Galamba não fala em prazos para uma nacionalização do Novo Banco. Uma coisa é certa: vender, apenas se não houver prejuízo para o Estado e os contribuintes. Caso contrário, só a primeira opção é válida. “Esta dificuldade em vender o banco, sem que o contribuinte subsidie o comprador, mostra que é impossível vender bem. As pessoas que dizem que a nacionalização tem riscos e custos parecem pressupor que há uma alternativa qualquer sem riscos e sem custos. Como é óbvio, essa alternativa é uma quimera”, explica o deputado do PS.

Mas uma nacionalização é complexa. E Galamba sabe-o. “Tudo é complexo. Não digo que não há dificuldades legais. Mas se o sistema financeiro português carece de uma reforma sistémica, estrutural — que ainda não foi feita –, e se esse é o verdadeiro problema, então é uma negociação que não só vale a pena, como é necessária. Não temos outra alternativa senão encarar o problema de frente”, assume.

Quanto à necessidade de recapitalização do Novo Banco, Galamba não confirma, nem desmente, mas aponta outra urgência. “Mais do que ser recapitalizado, é preciso resolver o problema do crédito malparado. O Novo Banco tem que, novamente, ser separado em Novo Banco bom e Novo Banco mau. Todos os bancos têm bancos maus dentro de si. Todos têm um stock elevado de crédito malparado. Esse é o problema a enfrentar.” E atira: “Vamos com quatro anos de atraso, devíamos tê-lo feito na altura do problema de ajustamento”.

A decisão está agora do lado do Governo e do ministro das Finanças. A proposta mais recente dos norte-americanos da Lone Star foi recusada. E Galamba explica a recusa: “Acho que o Governo já definiu quais são as suas linhas vermelhas. Continua empenhado na venda, mas não numa venda a qualquer custo. Até agora, as propostas não o parecem ser. Se surgir alguma coisa que seja, a conversa é outra. O ministério das Finanças tem que concluir a negociação sempre percebendo o que é melhor para os contribuintes”, garantiu, lembrando que uma proposta de venda “nunca será suficientemente boa para que a valha a pena não nacionalizar o banco”.

A terminar, um recado ao Banco de Portugal, que se terá mostrado preocupado com a possibilidade desta decisão avançar. “O Banco de Portugal está preocupado com isso e nós estamos preocupados com o que foi dito durante dois anos sobre o Novo Banco: que era um banco que estava limpo, rentável e bom. Preocupava-me primeiro com o problema criado do que com aqueles que estão a tentar resolver o problema”, explica.

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