A incerteza sobre o que vai acontecer ao Novo Banco não pára de ganhar contornos. Este sábado, o Expresso avança que o Banco de Portugal está a estudar a hipótese de vender parcialmente a instituição, alienando a maioria do capital, mas não a totalidade. Para que isso aconteça, o Governo tem de pedir novamente a Bruxelas mais tempo para concluir a operação. No mínimo, até 3 de agosto.

O semanário explica que caso isto aconteça, o processo de venda teria de ser discutido e negociado com a Direção-Geral da Concorrência europeia (DG Comp), o que exigiria “uma grande dose de criatividade”. Já em 2015, essa hipótese tinha estado em cima da mesa, quando – depois de serem conhecidos os resultados dos testes de stress europeus à banca – se soube que a alienação do banco ia derrapar para o ano seguinte. Em 216, a TSF explicava que o Banco de Portugal admitia vender apenas parte do capital, numa operação no mercado de capitais.

Apesar das dúvidas, há uma certeza: os pequenos investidores não vão poder investir no banco. A Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) e o Banco Central Europeu (BCE) vetaram a dispersão em Bolsa do capital do Novo Banco, segundo o Expresso. Na origem do veto, a reputação deixada pelo BES. O processo que culminou com a divisão da instituição num banco bom e num banco mau colocou o Novo Banco numa “lista negra” da CMVM e do BCE. Desta forma, apenas os investidores institucionais vão poder comprar ações do banco.

A incerteza sobre o futuro do Novo Banco agudizou-se nas últimas semanas depois de algumas vozes políticas do PS, PCP e BE terem vindo a público defender a nacionalização da instituição. O deputado socialista João Galamba já defendeu publicamente as vantagens desta solução e, na quinta-feira, garantiu que o PS não tem uma posição dogmática sobre o que vai acontecer ao banco e que vai defender a “que melhor salvaguardar o interesse do Estado e dos contribuintes”.

Sobre o processo de venda, para o Banco de Portugal, o fundo norte-americano da Lone Star é a entidade mais bem colocada para adquirir a instituição. De acordo com o Jornal de Negócios, a proposta tem um valor de 750 milhões e inclui a possibilidade de uma injeção com o mesmo valor. Pede, contudo, uma contrapartida: uma garantia do Estado que cubra o risco de perdas futuras e que pode ir até 2.500 milhões de euros.

A venda em Bolsa não está, contudo, descartada. Nas propostas apresentadas ao Banco de Portugal, está prevista essa possibilidade, caso a CMVM e o BCE entendam que já não existe o tal rico reputacional deixado pelo BES.

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