O secretário-geral da Rede Ibérica de Entidades Transfronteiriças (RIET), Xoan Mao, defendeu esta segunda-feira que “a polémica” em torno da construção de um armazém de resíduos nucleares em Almaraz “é a prova do fracasso das cimeiras ibéricas nos últimos anos”.

A situação que se está a viver no conflito de Almaraz — e sem analisar o tema em pormenor, porque não sou especialista — é a prova do fracasso das cimeiras ibéricas nos últimos anos”, disse à Lusa Xoan Mao, secretário-geral da rede constituída por organizações de proximidade à fronteira de Espanha e de Portugal.

Para o responsável da Rede Ibérica de Entidades Transfronteiriças, “se este assunto tivesse sido debatido no âmbito de uma cimeira entre Espanha e Portugal, hoje não se estaria numa situação em que Portugal teve que apresentar uma queixa por algo feito por Espanha e que obviamente afeta Portugal”.

Portugal entregou esta segunda-feira à Comissão Europeia a queixa relacionada com a decisão espanhola de construir um armazém de resíduos nucleares em Almaraz, sem avaliar o impacto ambiental transfronteiriço, disse esta segunda-feira fonte do Ministério do Ambiente.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

O Governo português defende que, no projeto de um aterro de resíduos junto à central nuclear de Almaraz, “não foram avaliados os impactos transfronteiriços”, o que está contra as regras europeias.

Xoan Mao destacou ainda que “esta polémica vem dar razão” à RIET que nos últimos anos tem dito “que as cimeiras estavam a ser manifestamente um fracasso”.

O secretário-geral alertou que “no futuro” poderão surgir novas polémicas em torno de temas como “a segurança, os incêndios e os transportes” se a próxima cimeira não significar “um ponto de inflexão” e de retoma de “um debate sério entre Portugal e Espanha nos assuntos que afetam os dois países”.

Já em novembro do ano passado o secretário-geral da RIET havia alertado que a próxima Cimeira Ibérica entre Portugal e Espanha “será um fracasso como as anteriores” se a sua agenda for gerida pelas mesmas pessoas.

Xoan Mao destacou então que “nos últimos sete anos houve apenas três cimeiras e não foi [agendado] nenhum assunto relevante para as fronteiras“, criticando ainda a forma como “a fronteira mais viva e dinâmica da Europa está desorganizada pela incapacidade dos responsáveis” de Espanha e Portugal.

Fundada em 2009, a Rede Ibérica de Entidades Transfronteiriças (RIET), é constituída por organizações de proximidade à fronteira de Espanha e de Portugal que desenvolvem o seu trabalho, genérico ou específico, na área da cooperação transfronteiriça.

Integra 32 membros, entre associações empresariais e universidades dos dois países, representa os interesses de mais de 12 milhões de habitantes e de mais de um milhão de empresas.