A Essilor, empresa francesa que produz lentes, e a Luxottica, empresa italiana que fabrica hastes e detentora das marcas de óculos de sol Ray-Ban e Oakley, anunciaram esta segunda-feira que chegaram a acordo para a fusão das duas empresas, criando assim um gigante da ótica que pode valer mais de 46 mil milhões de euros. “Nunca, desde que as lentes foram criadas há séculos, as mesmas pessoas fabricaram as lentes e as hastes”, afirmou o presidente da Essilor, Hubert Sagnières, citado pelo Wall Street Journal. Isto é, até agora.

As duas empresas, que de acordo com a Euromonitor tinham uma quota dos seus respetivos mercados bastante acima da dos seus concorrentes, já tinham anunciado que pretendiam entrar no resto do negócio. A Essilor, que fabrica lentes, queria entrar no negócio das hastes. A Luxottica, que fabrica hastes, queria entrar no negócio das lentes. A intenção das duas empresas levou à especulação de que estariam em rota de colisão e destinadas a ser concorrentes, mas a história é afinal outra.

Segundo o Wall Street Journal, o negócio entre as duas empresas estava a ser preparado há anos. O resultado será uma nova empresa chamada EssilorLuxottica, em que o presidente da empresa será Leonardo Del Vecchio, atual presidente da Luxottica, mas com Hubert Sagnières a ter o mesmo poder, apesar de o cargo ser o de vice-presidente executivo da empresa que resultará da fusão.

Leonardo Del Vecchio tem estado numa aguerrida luta no topo da gestão da empresa da qual é dono. Aos 81 anos, Del Vecchio lidera a Luxottica depois de em 2014 a então presidente da Luxottica Andrea Guerra ter saído em conflito com Del Vecchio sobre o destino da empresa, e o fundador ter assumido novamente o controlo da empresa. Del Vecchio ainda fez mudanças, depois de alguma contestação interna, criando uma estrutura com dois presidentes executivos, mas quando um deles se demitiu, Del Vecchio voltou a responder retomando o controlo da empresa.

A receita combinada das duas empresas vale 15 mil milhões de euros, com o lucro antes de impostos (e outros custos) a rondar os 3,5 mil milhões de euros, isto antes das poupanças que a fusão pode trazer com a sinergia entre os dois negócios, que as duas empresas estimam que possam ir de 400 a 600 milhões de euros.

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