É já esta sexta-feira que começa o ciclo “Rostos da Portugalidade”, uma série de tertúlias que trarão ao Martinho da Arcada, no Terreiro do Paço, personalidades como Manuel Alegre ou Cruzeiro Seixas. A primeira sessão, que contará com a presença da atriz Eunice Muñoz, já está esgotada. Aliás, “esgotadíssima”, uma vez que as reservas já ultrapassaram os 70 lugares disponíveis na sala de jantar.

“A sessão da Eunice ultrapassou as expectativas. A sala está completa”, disse ao Observador Luís Machado, que organiza as tertúlias do Martinho desde 1999. Para assistir à tertúlia era aconselhável fazer uma reserva (o preço com jantar incluído é de 20 euros por pessoa) uma vez que o espaço é limitado, mas a organização nunca pensou que o número de interessados fosse tão elevado.

Para Luís Machado, que começou a frequentar o café-restaurante nos anos 70, a forte adesão é sinal que existe uma “grande estima pela Eunice”, mas também que houve uma boa divulgação por parte da comunicação social. A única coisa que lamenta é que o espaço não seja maior. “Se fosse maior, o público cabia todo. Por um lado é bom, por outro temos pena que não dê para mais.”

Mas, se não conseguiu reservar um lugar no Martinho a tempo, não se preocupe — até dia 4 de abril terá outras oportunidades. A próxima sessão de “Rostos da Portugalidade” está marcada para 3 de fevereiro e terá Diogo Freitas do Amaral como convidado. A fechar o ciclo estará o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

As tertúlias programadas são as seguintes:

20 de janeiro — Eunice Muñoz (esgotado)
3 de fevereiro — Diogo Freitas do Amaral
17 de fevereiro — Cruzeiro Seixas
3 de março — Manuel Alegre
17 de março — Elisabete Matos
4 de abril — Marcelo Rebelo de Sousa

Um café com 235 anos de história

Apesar de oficialmente inaugurado a 7 de janeiro de 1782, o Martinho da Arcada é muito mais antigo. Nasceu em 1778 sob a arcada nordeste do Terreiro do Paço e começou por ser uma modesta loja de bebidas (onde também se podia comprar gelo) chamada Café da Neve. Depois disso, foi Casa de Café Italiana, Café do Comércio e Café dos Jacobinos, até que foi comprado por Martinho Bartolomeu Rodrigues. Primeiramente chamou-se Café Martinho, passando a chamar-se Café do Martinho da Arcada em 1845, para se diferenciar de um novo café que o mesmo proprietário tinha aberto no Rossio.

Entre os seus clientes mais famosos, conta-se o poeta Cesário Verde, o pintor Amadeo de Souza-Cardoso e, claro, Fernando Pessoa que, quando não estava na Brasileira do Chiado, estava no Martinho a escrever sentado numa mesa que hoje é conhecida como “a mesa do Fernando Pessoa”. A sua imagem decora também uma das paredes do estabelecimento, que agora é sobretudo frequentado por turistas.

Em 1991, depois de ter reaberto com uma nova gerência, o restaurante começou a ser palco de tertúlias regulares, com os ciclos “Conversas à Quinta-Feira”. A estes, vieram dar lugar “As Noites do Martinho” e, depois, os “Rostos da Portugalidade”, que não se realizam há já alguns anos.