O raciocínio é simples e, a concretizar-se, seria uma volte-face na polémica da Taxa Social Única (TSU). PSD, Bloco de Esquerda, PCP e Os Verdes já anunciaram que querem chumbar a redução no Parlamento — o CDS aparentemente também está disposto a fazê-lo. Mas para o conseguirem terão de fazer uma maioria negativa. Estarão dispostos a fazê-lo? Os patrões têm dúvidas.

Esta foi, pelo menos, a tese exposta por António Saraiva, presidente da Confederação Empresarial de Portugal (CIP), na SIC Notícias, menos de 30 minutos depois do final da reunião que juntou António Costa e os representantes das confederações patronais. “O PSD vai subscrever um texto de rejeição, digamos assim, do PCP e do Bloco de Esquerda? E o Bloco de Esquerda e o PCP vão subscrever um texto de rejeição do PSD?”, questionou o patrão dos patrões, sugerindo, entre linhas, que as diferenças ideológicas entre os três partidos podem impossibilitar esta aliança e, consequentemente, o chumbo da redução da TSU.

Sem concretizar mais, António Saraiva deixou claro que não foi discutido qualquer plano B na reunião com António Costa. “Nós só devemos considerar planos B quando temos alguma dúvida que o plano A seja cumprido. Não se nos afigura necessário”, garantiu.

O presidente da CIP revelou, ainda assim, que um eventual chumbo parlamentar à redução da TSU, a contrapartida oferecida pelo Governo às empresas para compensar o aumento do salário mínimo nacional, foi discutido nesta reunião, mas sempre com a garantia por parte de António Costa que o acordo ia ser cumprido. “Estamos tranquilos [de que o acordo] vai ser honrado”, reiterou António Saraiva.

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Mesmo explicando que não queria criticar “partido A” ou “partido B”, o representante patronal criticou o facto de os partidos já terem anunciado que iam “chumbar um texto que não conhecem”.

Desafiado a comentar a posição assumida pelo PSD, António Saraiva não deixou de classificar como “surpreendente” a aparente alteração da estratégia do PSD: num primeiro momento, congratulou-se com o facto de a redução da TSU para as empresas ser “extensível às IPSS”; agora, vem anunciar que vai chumbar a medida.

A terminar, o presidente da CIP garantiu que os patrões “vão aguardar com tranquilidade” os próximos desenvolvimentos, mas lembrou que é preciso “sensatez” para assegurar a “tranquilidade política e social” introduzida por este acordo de concertação social.

O Observador procurou mais esclarecimentos junto de António Saraiva, mas não obteve qualquer resposta até ao momento de publicação desta notícia.

Na terça-feira, os representantes das confederações empresariais vão emitir um comunicado com as principais conclusões da reunião com António Costa, um dia que ficará naturalmente marcado pelo debate quinzenal, na Assembleia da República. Agendada para esta sexta-feira está também uma reunião com o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.

* Artigo atualizado às 12h18 com a data do encontro entre os parceiros sociais e o Presidente da República