As receitas fiscais da concessionária estatal angolana Sonangol geradas com a exportação de crude ficaram abaixo dos cinco mil milhões de euros em 2016, falhando as estimativas do Governo revistas em setembro. Segundo um relatório do Ministério das Finanças sobre o setor, a Sonangol gerou 840.2.279 milhões de kwanzas (quase 4.770 milhões de euros) de receitas fiscais em 2016, quando na revisão do Orçamento Geral do Estado, aprovada em setembro, a previsão do Governo baixou para 968 mil milhões de kwanzas (5.490 milhões de euros).

Antes desta revisão, a fasquia do Governo para as receitas oriundas da Sonangol em 2016 estava fixada nos 1,163 biliões de kwanzas (6.595 milhões de euros). Apesar destes números, a Sonangol não vai entregar dividendos ao Estado angolano em 2016, conforme anunciou a 01 de dezembro, em conferência de imprensa, a presidente do conselho de administração da petrolífera, Isabel dos Santos. A decisão foi justificada pela empresária e filha do chefe de Estado, José Eduardo dos Santos, devido à receita bruta de 15.325 milhões de dólares (14,4 mil milhões de euros) estimada para a Sonangol em 2016, o que representa uma quebra superior a 60% face a 2013.

Apesar das receitas estarem em queda há vários anos, Isabel dos Santos sublinhou na ocasião que os custos operacionais da empresa não têm vindo a acompanhar essa descida, justificando dessa forma o difícil momento financeiro que a petrolífera vive, necessitando de uma reestruturação financeira. “Em 2016, prevê-se que não haverá dividendos para o acionista Estado”, apontou Isabel dos Santos, não adiantando a previsão para o resultado líquido de 2016. Acrescentou que o lucro da Sonangol tem vindo igualmente a decrescer desde 2013, antes do início da crise da cotação do barril de crude. Nesse ano foi de 3.089 milhões de dólares (2,9 mil milhões de euros), tendo caído para 1.415 milhões de dólares (1,3 mil milhões de euros) em 2014 e para apenas 389 milhões de dólares (364 milhões de euros) em 2015.

“Fica claro que os atuais desafios resultam não só da queda do preço do petróleo, mas, fundamentalmente, de uma política e de práticas de gestão questionáveis, que colocaram a Sonangol numa situação financeira e operacional precária”, disse ainda a administradora.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR