“Bruxelas não anseia por uma luta”, disse Jean-Claude Juncker, presidente da Comissão Europeia, à primeira-ministra britânica Theresa May, depois de esta ter detalhado os seus planos para a saída do Reino Unido da União Europeia. “Repeti, mais uma vez, que nem a Comissão nem Michel Barnier, o nosso negociador-chefe, está em modo hostil”, disse Juncker, numa conferência de imprensa no Parlamento Europeu, sobre o telefonema que fez a May.

“Nós queremos um acordo justo com a Grã-Bretanha e um acordo justo para a Grã-Bretanha. Mas um acordo justo pressupõe que também o seja para a União Europeia”, acrescentou ainda Juncker. No discurso de terça-feira, dia 17 de janeiro, Theresa May apresentou, pela primeira vez, alguns dos pontos que deverão nortear as negociações do Reino Unidos com a União Europeia e deixou claro que o país vai sair do mercado único de forma a “retomar o caminho global que historicamente sempre percorreu”.

Sobre o calendário negocial, Juncker disse que “basicamente mantemos a mesma posição” e que “a UE dará início às negociações depois de o Reino Unido acionar o Artigo 50”. O presidente da Comissão antecipa sérias dificuldades: “Será uma negociação muito, muito complexa porque a Grã-Bretanha terá que ser considerada como um ‘terceiro’, não estou nada habituado a expressar-me assim e estou muito triste pela situação em que nos encontramos”.

Theresa May disse que gostaria de manter uma relação “meio dentro, meio fora” da União Europeia mas isso será um pouco difícil já que um dos pressupostos para estar “meio dentro” é aceitar as leis de livre circulação de pessoas para reter acesso a um mercado de quase 500 milhões de pessoas. May, porém, disse que “quando o Reino Unido sair já não teremos que nos sujeitar às leis de imigração afetas ao bloco nem à jurisdição do Tribunal de Justiça da União Europeia”.

Quem também falou na conferência de imprensa foi Joseph Muscat, o primeiro-ministro de Malta, cujo país assumiu a presidência rotativa da UE em Janeiro. Para Muscat, é importante que o Reino Unido garanta um acordo justo mas “esse acordo nunca poderá ser melhor do que ser membro da União”

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