O ex-Presidente do Conselho Económico e Social José Silva Peneda escreveu uma carta aberta a Pedro Passos Coelho onde lhe pede que mude de opinião no chumbo prometido à redução da Taxa Social Única paga pelos empregadores. No texto publicado na edição desta quarta-feira do Diário de Notícias, Silva Peneda acusa Passos de estar a ferir “muito gravemente a identidade do PSD” e avisa: “É sabido que quando se começa a alienar património, normalmente o que se segue é a falência”.

Para o social-democrata e ex-ministros nos governos de Cavaco Silva, aponta a Concertação Social “é um património do PSD” que, recorda no texto, ter nascido “do apoio popular muito assente nas classes médias e nos portugueses do meio rural”. Agora, escreve, Passos está a “criar uma rutura nas suas bases identitárias”, num partido que “foi sempre identificado como o partido que busca de forma incessante o compromisso”. Traça mesmo a diferença do partido face a “outras forças políticas de origem marxista que querem impor as suas verdades, na base de uma pretensa vitória de uma classe social sobre as outras”.

Quanto à Concertação Social, não tem dúvidas que se trata de “património do PSD” e até admite que possam ser feitas críticas à condução do processo pelo Governo. Aliás, Silva Peneda diz que o Governo agiu “com ligeireza, não cuidando de assegurar que dispunha de todas as condições para assinar acordo”. E até aceita que se discuta a redução da TSU, embora recorde que, enquanto ministro do Trabalho e da Segurança Social, tenha recorrido à medida para “atenuar problemas relacionados com grupos sociais mais desfavorecidos” no acesso ao emprego. Mas acaba por concluir:

Tenho muita dificuldade em aceitar que, de forma direta e objetiva, o meu partido vote ao lado de forças políticas que nunca valorizaram a Concertação Social, nem o diálogo entre as parte. porque sempre tiveram uma conceção totalitária de exercício de poder”.

É por tudo isto que Silva Peneda deixa o apelo escrito e público a Passos para que “mude de opinião” e não chumbe no Parlamento a redução da contribuição para a Segurança Social a cargo das empresas que foi dada aos patrões pelo Governo como compensação pelo esforço de aumento do salário mínimo nacional para 557 euros este ano.

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