Esperar demasiado por subir as taxas de juro pode gerar “surpresas amargas” para os EUA, como uma inflação elevada e difícil de controlar ou instabilidade nos mercados financeiros. O aviso é da presidente da Reserva Federal, Janet Yellen, que até há poucos meses era vista como alguém que estava protelar a subida das taxas de juro mas cujo discurso, agora, parece ter mudado totalmente. Esta sexta-feira, toma posse Donald Trump como Presidente dos EUA, um homem que criticou várias vezes Janet Yellen por manter as taxas de juro artificialmente baixas.

O tom de Yellen mudou nas últimas semanas e é, em parte, com esse facto que os analistas justificam a subida global das taxas de juro. Janet Yellen sempre foi vista como alguém que preferia manter a política monetária expansionista mesmo quando alguns membros da Fed há muito alertavam que era hora de subir os juros. Mas, agora, Yellen tem feito vários discursos em que defende que os EUA devem fazer várias subidas de juros nos próximos anos.

Isto apesar de, com Trump a prometer estímulos à economia, o baixo crescimento da produtividade nos EUA signifique que a taxa “normal” de crescimento será “significativamente mais lenta do que a média do pós-Guerra”.

“Esperar demasiado tempo para começar a mover no sentido de uma taxa neutral pode criar um risco de uma surpresa amarga no futuro, seja ela demasiada inflação ou instabilidade financeira, ou ambas”, afirmou Janet Yellen num discurso proferido na terça-feira.

A Reserva Federal dos EUA subiu a taxa de juro em dezembro pela única vez em 2016, depois de um aumento no final de 2015. Ao contrário do que a própria Fed tinha indicado no início do ano de 2016, o ano passado contou apenas com essa única subida dos juros, não mais. Donald Trump chegou a acusar Janet Yellen de estar a manter as taxas de juro artificialmente baixas para aumentar a satisfação das pessoas antes das eleições, com o intuito de ajudar a eleição de Hillary Clinton.

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