A Agência Internacional de Energia (AIE) reviu em ligeira alta as previsões da procura de petróleo para este ano, sobretudo para ter em conta “o surpreendente” aumento constatado no último trimestre de 2016.

No relatório mensal sobre o mercado petrolífero, a AIE considera que é demasiado cedo para se pronunciar sobre o nível de cumprimento do acordo da Organização de Países Exportadores de Petróleo (OPEP) e de outros 11 produtores para reduzir a quantidade de petróleo no mercado com o objetivo de subir o preço depois dos mínimos de 2016.

Em relação à procura, a AIE refere que no último trimestre de 2016 esta se cifrou em 97,3 milhões de barris por dia, mais 300 mil barris por dia do que o que tinha estimado há apenas um mês, devido a um aumento do consumo na Europa, Rússia e Ásia.

Este aumento significa que no conjunto de 2016, os 96,5 milhões de barris por dia em média traduzem um aumento de 1,5 milhões de barris por dia no conjunto do ano passado, mais 200 mil barris por dia do que o antecipado em dezembro. Este aumento foi o que levou os autores do relatório a corrigir as perspetivas para este ano.

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A AIE antecipa que este ano o mercado absorverá 97,8 milhões de barris por dia, mais 100 mil do que o previsto há um mês, apesar de sublinhar que o acréscimo homólogo, de 1,3 milhões de barris por dia, é inferior ao do ano passado e supõe o regresso a um ritmo só ligeiramente superior à média constatada desde 2000 (um acréscimo anual médio de 1,2 milhões de barris por dia).

Em relação à oferta, a AIE refere que esta se reduziu em dezembro em mais de 600 mil barris por dia para um total de 97,6 milhões de barris por dia, um número que continua a ser superior (em 200 mil barris por dia) ao verificado no mesmo mês de 2015.

As primeiras indicações deste início de 2017 apontam para que esta queda continue porque a Arábia Saudita (com uma produção de 10,48 milhões de barris por dia em dezembro, depois de 10,64 em novembro) e os vizinhos estão a reforçar os cortes.

A AIE – que reúne os principais países consumidores de energia membros da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económicos (OCDE) – sublinhou que o acréscimo do preço do barril de petróleo (dos 30 dólares a que chegou em 2016 para os atuais cerca de 55 dólares) está a despertar o setor das jazidas de xisto nos Estados Unidos.

Segundo estimativas da AIE, este ano a produção daquele petróleo não convencional deverá aumentar 170.000 barris por dia nos Estados Unidos, depois da queda de cerca de 300 mil barris por dia em 2016, tendo em conta os investimentos que estão a ser efetuados.

Globalmente, os Estados Unidos porão no mercado 12,8 milhões de barris por dia este ano, mais 320 mil do que no ano passado.

A AIE também prevê reforços adicionais da oferta do Brasil e do Canadá, de 415 mil barris por dia, resultantes de projetos de longo prazo, que acabam de se materializar.

Os autores do estudo sublinham que as últimas declarações do ministro do Petróleo da Arábia Saudita, sobre a possibilidade de se por fim ao acordo de redução da produção no final do primeiro semestre deste ano, deixam entrever a vontade de estabilizar o preço do barril, mas não a um nível que garanta a bonança para os produtores de alto custo.

Uma mensagem do principal sócio da OPEP, cujos membros têm custos de produção relativamente baixos, dirigida aos investidores em petróleo não convencional.