Duas equipas de descobriram a origem dos “círculos de fada” que pontilham algumas regiões do deserto da Namíbia e tem originado as mais diversas teorias. O segredo está escondido em duas explicações. Uma delas afirma que esses padrões de círculos espalhados pela areia são criados por térmitas que vagueiam debaixo do solo e limpam a vegetação na área onde os seus ninhos são construídos. Ao morderem o solo, as térmitas tornam-no poroso e permitem a criação de um reservatório de água da chuva a 50 centímetros de profundidade. Outra explicação acrescenta que os “círculos de fada” são o resultado de uma luta entre plantas por água: algumas delas fornecem sombra e mantêm água junto às suas vizinhas, mas prejudicam as mais distantes porque têm raízes muito longas para extrair água.

Corina Tarnita, bióloga da Universida de Princeton envolvida no estudo, diz que ambas as teorias estão corretas: como a ideia de que os padrões são um “campo de batalha” por água ainda não foi testada em laboratório, e como a teoria de que são formados por térmitas não explica porque é que os “círculos de fada” formam um padrão tão regular, o mais provável é que as térmitas sejam as responsáveis por fazer aparecer os círculos maiores no solo, mas que sejam as plantas as responsáveis por criar padrões tão regulares de pequenos círculos entre eles.

De acordo com os modelos virtuais criados pela equipa de Corina Tarnita, as térmitas começam por eliminar as plantas na área circular em redor dos seus ninhos. Nesse processo de destruição, se encontrarem outra colónias de térmitas inferior à delas, destroem-na e tomam conta do território. Mas se encontrarem uma colónia do mesmo tamanho, não lutam pelo espaço: estabelecem fronteiras.

Essas batalhas entre colónias podem criar no solo um padrão semelhante ao existente nos favos de mel, com cada colónia a ter outras seis vizinhas. No entanto, quando as plantas acima dos ninhos de térmitas competem por água, formam-se padrões semelhantes mas com círculos mais pequenos nos espaços que existem entre os “círculos de fada” mais largos.

Esta explicação está, contudo, a ser questionada por uma parte da comunidade científica, conta a News Scientist. Estes padrões já foram observados também nas zonas desérticas da Austrália, no estado do Arizona (EUA), no Brasil, no Quénia e também em Moçambique. Acontece que, em algumas regiões deste países onde surgiram “círculos de fada” não vive nenhum colónia de térmitas e, nos casos onde existem, não mostram o mesmo comportamento. Quem o conta é Stephan Getzin, cientista do Centro Helmholtz para a Investigação Ambiental: “Logicamente, se há círculos de fada na ausência de térmitas, então a teoria das térmitas não pode ser considerada como uma forte explicação para o fenómeno”.

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