A economia chinesa cresceu 6,7%, em 2016, o ritmo mais lento dos últimos 26 anos, numa altura em que Donald Trump, que toma posse em Washington, esta sexta-feira, ameaça desencadear uma guerra comercial com o país asiático.

Trump prometeu subir os impostos alfandegários sobre os produtos chineses, colocando pressão em indústrias que empregam milhões de pessoas na China.

Os gastos públicos e o aumento dos preços do imobiliário permitiram à segunda maior economia do mundo crescer 6,8% no último trimestre de 2016, em termos homólogos, mais uma décima do que o registado nos três trimestres precedentes (6,7%).

No cômputo de 2016, o Produto Interno Bruto (PIB) do país asiático expandiu-se 6,7% – duas décimas abaixo do crescimento de 2015, de 6,9%.

Trata-se do pior desempenho desde 1990 (3,9%), mas em linha com as previsões de Pequim, que situou a meta de crescimento anual “entre 6,5% e 7%”.

“É um crescimento ligeiramente acima do previsto, mas que não altera a tendência” de desaceleração, afirmou Bill Adams, analista da consultora PNC Financial Services Group, num relatório.

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Depois de três décadas a crescer em média quase dez por cento ano, a economia chinesa abrandou nos últimos anos, à medida que Pequim enceta uma transição no modelo económico, visando transformar o consumo interno no principal motor de crescimento.

Um aumento dos gastos públicos e subida dos preços da habitação ajudaram a compensar a queda de 7,7% nas exportações, mas os economistas preveem que a economia continue a abrandar.

“A retoma não deverá prolongar-se em 2017”, escreveu Tom Rafferty, economista da unidade de análise do Economist Intelligence Group.

As indústrias exportadoras sofrerão maior pressão caso Trump cumpra com a promessa de aumentar as taxas sobre os produtos chineses, levando a uma subida do desemprego que poderá afetar a estabilidade social no país asiático.

Numa advertência implícita a Donald Trump, o Presidente chinês, Xi Jinping, defendeu esta semana o comércio livre, no Fórum Económico Mundial, em Davos.

“Uma guerra comercial prejudicaria todos os países”, disse Xi, na Suíça.

Ainda assim, o diretor do Gabinete Nacional de Estatísticas chinês, Ning Jizhe, expressou confiança, esta sexta-feira.

“Espero que, depois de eleito, o Presidente Trump considere estes assuntos numa perspetiva de benefício mútuo e com vantagens para ambos os lados”, afirmou Ning.

Questionado sobre o potencial impacto das políticas de Trump, o responsável pelas estatísticas chinesas afirmou apenas que a China deve manter um “crescimento económico médio alto”.