Os motores não param de evoluir e sempre no sentido de extrair mais potência do combustível que consomem, seja ele gasolina ou gasóleo. O que obviamente é bom, mas levanta continuamente problemas com as emissões poluentes, pois quanto mais “puxados” são, e menos consomem, piores são no que diz respeito a alguns poluentes, como os NOx e as partículas, apesar de, efectivamente, produzirem menos CO2 devido aos consumos mais reduzidos.

Mas concentremo-nos agora exclusivamente nas diferenças entre os motores modernos e necessariamente sobrealimentados a gasolina e a gasóleo. Os diesel não recorrem a velas de ignição e trabalham segundo o princípio de ignição por compressão, em que a mistura ar/gasóleo é comprimida quase o dobro – 16:1 em vez dos 9:1 das unidades a gasolina, o que lhes incrementa a eficiência –, a ponto de fazer incendiar o combustível vaporizado devido ao calor gerado pela compressão dentro da câmara de combustão.

Paralelamente, o gasóleo presente na mistura com o ar está em muito menor quantidade, pois enquanto os motores a gasolina trabalham ligeiramente abaixo das 15 partes de ar para uma de combustível, os diesel atingem facilmente 22:1, chegando mesmo às 40:1 em carga parcial.

Consciente desta realidade, a Mazda decidiu fazer a quadratura do círculo, concebendo um motor a gasolina que, em algumas condições (carga parcial ou reduzida, ou seja, quando se pressiona pouco o acelerador), funciona como se fosse um diesel. É complexo, muito difícil de conseguir fazer funcionar correctamente e, se a marca japonesa afirma ter encontrado uma solução, muitos outros fabricantes o tentaram anteriormente, sem nunca o conseguir fazer funcionar de forma satisfatória e produzir em série.

O princípio de funcionamento deste novo tipo de motor da Mazda é conhecido como HCCI (de Homogeneous Charge Compression Ignition), que se também se pode traduzir pelo motor a gasolina sem velas. Em termos práticos, comprime a mistura ar/gasolina até que ela se incendeie (ou expluda) – admitindo no processo uma muito maior quantidade de ar –, em vez de atingir o mesmo objectivo com a ajuda de uma vela de ignição, que assegure a queima do combustível graças à faísca. Ou seja, põe um motor a gasolina a trabalhar como se fosse diesel, em matéria de eficiência.

A Mazda anunciou que pretende montar o seu primeiro HCCI no futuro Mazda 3, que será apresentado em 2018, recorrendo a um conjunto de tecnologias que denomina Skyactiv 2. Com o novo motor, o fabricante japonês visa atingir um consumo médio pouco superior a 3,0 l/100 km, ou seja, 30% mais económico do que um motor convencional a gasóleo.

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