O Provedor de Justiça Europeu vai abrir uma nova investigação às ligações de Mario Draghi ao Grupo dos 30 (G30). A iniciativa surge na sequência de uma queixa do Corporate Europe Observatory (CEO), uma organização não governamental que investiga e analisa a influência das empresas e dos grupos de pressão nas decisões de políticas públicas na Europa.

Esta é a segunda vez que a provedoria, agora liderada pela irlandesa Emily O’Reilley, lança um inquérito sobre este tema, depois de uma anterior queixa, feita em 2012 igualmente pelo CEO, ter acabado arquivada por não ter sido encontrada matéria para sustentar uma recomendação. Na altura, o Ombudsman da União Europeia considerou que as alegações de que a ligação do presidente do BCE ao Grupo dos 30 seria incompatível com a independência, reputação e integridade da instituição não se justificavam.

No centro da queixa está o facto de o presidente do Banco Central Europeu (BCE) integrar o G30, uma entidade que reúne trinta personalidades que desempenham altos cargos em diversos bancos centrais e instituições financeiras privadas.

Entre os líderes do G30 contam-se, atualmente, nomes como o de Jean-Claude Trichet, antigo presidente do BCE, e Jacob A. Frenkel, chairman do JP Morgan Chase International. Na lista de membros incluem-se, entre outros, Ben Bernanke, antigo presidente da Reserva Federal dos Estados Unidos, Mark Carney, governador do Banco de Inglaterra, Tidjane Thiam, líder executivo do Credit Suisse, e Axel Weber, presidente da Union des Banques Suisses, assim como Ernesto Zedillo, ex-presidente do México, e Zhou Xiaochuan, governador do banco central da China.

Ao Financial Times, O’Reilly explicou que a decisão de avançar com um novo inquérito se deve ao facto de o BCE ter alargado as suas responsabilidades durante os últimos anos, com o reforço substancial de tarefas em áreas como a regulação e supervisão. Estas alterações, considerou a provedora, “significam que as relações entre o BCE e o G30 aconselham mais escrutínio”, o que já levou a estrutura liderada por Emily O’Reilly a pedir uma reunião com os responsáveis da autoridade monetária da zona euro, bem como o acesso a documentação.

As recomendações emitidas pelo Provedor de Justiça Europeu não são vinculativas. Mas as situações em que são detetadas práticas divergentes podem ser alvo de relatórios especiais que, posteriormente, são encaminhados para o Parlamento Europeu, nos casos em que as entidades alvo dos pareceres não corrijam as falhas identificadas. Em declarações por e-mail à Bloomberg, um porta-voz do BCE garantiu que a autoridade monetária irá prestar esclarecimentos e colaborar com a investigação.

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