Quem descobre Porto Santo? João Gonçalves Zarco e Tristão Vaz Teixeira. Quem descobre a Madeira? Bartolomeu Perestrelo. Quem descobre as ilhas ocidentais e centrais dos Açores? Diogo de Silves. Quem descobre as ilhas orientais dos Açores? Diogo de Teive. Quem descobre o caminho marítimo para a Índia? Vasco da Gama. Quem descobre o caminho para o golo do Benfica vs. Tondela? Pizzi.

Sempre ele, Pizzi. Que craque. Com o bis (o segundo da época, após aquele ao Moreirense: 3-0), volta a ser o melhor marcador do Benfica no campeonato, com oito golos, mais um que Mitroglou. Que categoria e o curioso é que até nem é novidade. Basta ver os arquivos e perceber a ligação de Pizzi com o golo. Na última jornada do campeonato 2010-11, assina um hat-trick pelo Paços em pleno Dragão e arruina o plano de uma campanha cem por cento vitoriosa em casa na era Villas-Boas. Em 2012-13, é rapaz para se assumir em Camp Nou, ao serviço do Deportivo, e faz tremer o Barça com dois golos a Valdés, um de penálti e outro de livre directo. Agora, mais um bis para a conta.

No terceiro jogo seguido em casa (Boavista 3-3, Leixões 6-2), Rui Vitória relega Gonçalo Guedes para a tribuna e aposta na estreia a titular de Zivkovic para o campeonato. Há 30 anos, um outro Zivkovic é também lançado às feras, por John Mortimore, num 1-0 ao Vitória SC. Nessa altura, o Zivkovic do século XXI está a dez anos de luz de ser um projecto de pessoa. Adiante, Zivkovic à direita e Cervi à esquerda. Os dois sub-21 lançam-se ao ataque e têm o azar de encontrar um Tondela esclarecido. Nem um nem outro têm a versatilidade ou velocidade de dar a volta aos defesas. Se a isso acrescentarmos o escasso acerto de passe nos últimos 20 metros e a bela exibição do guarda-redes Cláudio Ramos, está justificado o 0-0 ao intervalo – o primeiro desde Agosto 2016, vs. Vitória FC.

Calma lá, o Benfica até se esforça por chegar ao golo. Só que isso não chega. Aos 7′, canto de Zivkovic, amortie de cabeça de Luisão e remate de primeira de Samaris por cima. Aos 10′, Jonas atira do meio da rua e Cláudio Ramos voa para uma defesa do arco da velha. Aos 32′, Jonas combina com Mitroglou e aparece à frente do guarda-redes. A palmada na bola é insuficiente para afastar o perigo e lá vem Jonas, de novo. Uma jinga de corpo afasta Cláudio Ramos, falta depois quem se antecipe ao capitão Kaká ao primeiro poste.

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Para a segunda parte, Vitória substitui Salvio por Cervi. Quando uma equipa guarda Salvio no banco, está tudo dito. O argentino até nem deslumbra, basta-lhe o nome e o toque de bola para dar esperança aos benfiquistas. Aos 50′, grita-se golo. Do Benfica. Em condições normais, Zivkovic até sairia a festejar com aquele remate à queima-roupa porque ninguém está a contar com mais um fenomenal salto para a glória de Cláudio Ramos. O som da Luz começa então a ser de impaciência. Jonas faz outro remate à baliza, Cláudio Ramos defende com categoria (56′). Dois minutos depois, o 1-0. De quem?

Pizziiiiiii, pois claro. Grande visão de Samaris, com um passe para trás. O resto é história. Pizzi arranca um pontapé cruzado e indefensável, ao poste mais longínquo de Cláudio Ramos. A Luz respira de alívio, o Porto volta a estar a quatro pontos de distância. Já agora, Pizzi iguala Mitroglou na tabela dos melhores marcadores do clube. Ambos têm sete. O que dá 14, o número de golos do rei Bas Dost.

O Tondela faz uma cócegas a Ederson, aqui e ali. Nada de mais. Segue-se o vendaval do Benfica e o inesperado avolumar do resultado. Aos 76′, o bis de Pizzi numa acção sensacional pela direita, com lançamento para Nélson Semedo. O lateral pisa a área e cruza atrasado para o encosto do 21. Toma lá disto, 2-0. Aos 84′, uma abertura de Jonas permite ao suplente Rafa estrear-se a marcar pelo Benfica com um chapéu de aba curta desde o limite da área. Para acabar em beleza, e já sem Pizzi em campo, o penálti do 4-0. André Almeida ganha a linha a Pica e é puxado pelo central, que vê o segundo amarelo e é expulso. Na marcação, Cláudio Ramos escolhe o seu lado direito e Jonas atira para o meio. É o fim de festa e mais uma goleada para o Benfica.

Estádio da Luz, em Lisboa
Árbitro: Bruno Esteves (Setúbal)
4 BENFICA: Ederson: Nélson Semedo, Luisão (cap), Lindelof e André Almeida; Zivkovic, Pizzi (Celis, 86′), Samaris e Cervi (Salvio, 46′); Miroglou (Rafa, 70′) e Jonas
Treinador: Rui Vitória (português)
0 TONDELA: Cláudio Ramos; Jaílson, Kaká (cap), Pica e Ruca; Bruno Monteiro, Fernando Ferreira (Osório, 79′) e Claude (Pité, 69′); Murilo (Flores, 61′), Wagner e Miguel Cardoso
Treinador: Pepa (português)
Marcadores: 1-0, Pizzi (58′); 2-0, Pizzi (76′); 3-0, Rafa (84′); 4-0, Jonas (90’+3 gp)
Indisciplina: expulsão do tondelense Pica (90’+3, duplo amarelo)