A Autoridade para a Segurança Alimentar (ASAE) instaurou 20 processos-crime em 2016 a talhos e aplicou 134 multas na sequência de 610 fiscalizações a estabelecimentos de venda de carne.

De acordo com os dados estatísticos da ASAE, os 20 processos-crime deveram-se a “incumprimentos relativos à utilização indevida da Denominação de Origem Protegida (DOP), abate clandestino e produtos avariados”.

Já os 134 processos de contraordenação tiveram por base, maioritariamente, “a distribuição, preparação e venda de carnes e seus produtos com desrespeito das normas higiénicas e técnicas aplicáveis”, o “incumprimento dos requisitos gerais e específicos de higiene” e a “falta ou inexatidão de rotulagem e a deficiência das indicações na rotulagem da carne de bovino”.

A ASAE recordou que tem em prática um Plano Nacional de Colheita de Amostras, para controlar os alimentos disponibilizados aos consumidores.

“Em 2016 foram colhidas 202 amostras de carne picada e preparados de carne para pesquisa de sulfitos (86) e salmonela (116), tendo sido detetadas 21 não conformidades (14 em sulfitos e 7 em salmonela)”, lê-se no documento da ASAE.

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Por sulfitos entende-se “aditivos alimentares autorizados como conservantes que podem ser utilizados em diversos géneros alimentícios”, de que são exemplos alguns preparados de carne picada como as almôndegas ou os hambúrgueres, acrescentou a mesma fonte.

Segundo a ASAE, “a carne picada, pelas suas características, entre as quais a grande área de superfície de exposição, é um produto muito perecível e que obrigatoriamente tem que ser conservado até 2.ºC e vendida no próprio dia da sua preparação”.

No entanto, recordou a autoridade, “em regra, o consumo da carne picada é feito após confeção (exceto o bife tártaro), e este tratamento térmico, permite reduzir o risco associado ao consumo da carne picada para níveis aceitáveis”.

A autoridade para a segurança alimentar sublinhou ainda que “risco zero não existe para nenhum tipo de alimento”.

DECO desaconselha compra de hambúrgueres picados

A Deco Proteste apelou, esta segunda-feira, aos consumidores para que não comprem hambúrgueres já picados nos talhos, onde encontrou bactérias nocivas e aditivos alergénios usados para fingir que a carne é fresca.

A ASAE garante que vai analisar o estudo da Deco sobre a carne picada vendida nos talhos e que admite tomar medidas de fiscalização suplementar se tal se justificar.