É um adeus a um mito e caiu como uma bomba atómica na comunidade musical: um estudo revela que os famosos violinos fabricados pela família Stradivari afinal não produzem um som diferente dos outros. Apesar de várias investigações mostrarem que a madeira utilizada nos Stradivarius tem propriedades muito distintas da que está presente nos violinos mais modernos, não foram encontradas diferenças no som que sai de cada um deles, dá conta o El Español.

A história dos Stradivarius

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Stradivarius foi o nome dados aos instrumentos de corda construídos pelos membros da família Stradivari, entre os séculos XVII e XVIII, nomeadamente por Antonio Stradivari. Estas criações são conhecidas a nível mundial e alguns violinos podem chegar a custar até 15 milhões de euros. A maior coleção de Stradivarius do mundo é apelidada de Stradivarius Palatinos e encontra-se exposta no Palácio Real de Madrid.

A descoberta, levada a cabo por Claudia Fritz, investigadora do laboratório de acústica musical do Instituto Jean Le Rond d’Alembert, teve como objetivo averiguar se os violinistas conseguiam distinguir, numa prova às cegas, um violino mais antigo de um mais moderno, neste caso, um Stradivarius de um Guarneri. “O meu interesse está centrado no que os violinistas podem sentir e perceber, e se realmente notam diferenças entre um Stradivarius e um violino moderno”, explica Fritz.

Os resultados foram conclusivos: os violinistas não só não conseguiram diferenciar os dois instrumentos mesmo depois de várias horas a praticar, como também, na maioria dos casos, preferiram os violinos mais modernos. No entanto, estas conclusões foram alvo de críticas e vistas com maus olhos por muita gente, apontando que o estudo tinha várias limitações, como não ter sido levado a cabo por violinistas profissionais e terem sido comparados apenas seis instrumentos.

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De forma a dar a volta à situação e a convencer as pessoas da sua descoberta, Claudia Fritz e a sua equipa convidaram dez violinistas de renome internacional para uma prova às cegas com seis violinos italianos antigos (cinco deles Stradivarius) e seis mais modernos, durante duas sessões de 75 minutos, a primeira numa sala de ensaios e a segunda numa sala de concertos. Mas os resultados não mudaram. “Voltou a demonstrar-se que os Stradivarius não têm melhores ferramentas acústicas”, admitiu a investigadora, acrescentando ainda que “podem ser melhores instrumentos quando tocados com os olhos vendados”.

Apesar das revelações deste estudo poderem ser contraditórias e confusas para alguns, uma outra investigação encontrou a possível explicação para os violinistas considerarem que os Stradivarius são os melhores. Segundo o autor desta pesquisa, Daniel J. Levitin, investigador do Departamento de Psicologia da Universidade McGill, está tudo no psicológico das pessoas. “As expetativas que os instrumentistas têm quando quando sabem que estão a tocar um Stradivarius mudam a sua perceção a nível neuronal”, refere Levitin.

Ainda assim, muitos intérpretes estão céticos relativamente ao desfecho desta investigação, argumentando que um violino mais antigo é capaz de propagar um som melhor do que um recente, passe o tempo que passar, conta o El Español. Estas incertezas e desconfianças fazem com que a investigadora Claudia Fritz não descarte a hipótese de poder vir a aprofundar o seu estudo, contudo, é uma opção que ainda está em aberto.