Bruno di Tommaso, o gerente do hotel Rigopiano, enviou um email, horas antes da avalanche a pedir ajuda às autoridades. O responsável pela unidade turística que ficou soterrada pela neve, na última quarta-feira, contactou o prefeito de Pescara e também a polícia local, dando conta da situação premente que viviam e relatou que os hóspedes estariam aterrorizados, avançou o Corriere Della Sera.

“Os clientes estão aterrorizados devido aos terramotos e decidiram ficar fora do hotel. Há dois metros de neve e no momento temos 12 quartos ocupados. Temos tentado tranquilizar os clientes, mas como eles não podem sair daqui porque as estradas estão bloqueadas, até estão dispostos a passar a noite nos seus carros. O diesel para alimentar o gerador vai acabar amanhã e os telefones não funcionam”, relatou o gerente do hotel no email divulgado pelo jornal italiano, acrescentando que os funcionários estavam a tentar limpar a entrada do hotel com pás, devido à neve que se acumulava.

Classificando a situação de “muito preocupante”, Bruno di Tommaso concluiu o email pedindo o contacto breve das autoridades. Horas depois o hotel foi atingido por uma avalanche. Entretanto, os bombeiros divulgaram já durante esta segunda-feira que o número de vítimas mortais localizadas nos escombros aumentou para seis, depois das equipas de buscas terem encontrado o corpo de um homem, informaram os bombeiros.

O balanço provisório deste acidente conta com mais de 20 desaparecidos. Até ao momento, 11 pessoas foram resgatadas com vida.

Sobreviventes falam em milagre

As histórias dos 11 sobreviventes começaram a ser divulgadas e, em comum, têm uma palavra: milagre. Na sexta feira foi noticiado o resgate das duas crianças, filhas do sobrevivente que deu o alerta, Giampiero Parete. Ludovica, de seis anos, e Gianfilippo, com oito, foram salvos, na última sexta-feira, junto com a mulher do cozinheiro, Adriana Vranceau, de 43 anos num resgate muito emotivo e quase 42 horas após a avalanche.

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O momento em que Gianfilippo foi resgatado pelos bombeiros

Casal de namorados bebia chá quando foram atingidos

Vincenzo Forti e a namorada Giorgia Galassi estavam numa das salas do hotel, junto à lareira e a beber chá, enquanto aguardavam a chegada dos limpa-neves para poderem, finalmente, voltar a casa. Relataram que passaram horas difíceis devido aos vários sismos que abalaram a região. De repente, contou Giorgia à radio Giulianova – uma localidade costeira junto a Teramo, terra natal da sobrevivente -, foram atirados para o chão.

“Estávamos quatro pessoas na sala, ao pé da lareira, a beber chá. De repente caiu tudo em cima de nós e eu não conseguia perceber nada”, contou a estudante universitária. “Estávamos convencidos de que viria alguém. Era impossível não saberem que estávamos ali. Batemos e gritámos até não podermos mais. Parecia que estávamos dentro de uma lata de tinta”, referiu a sobrevivente que confidenciou ter comido gelo para sobreviver.

“Não foi sorte. Foi um milagre” realçou Giorgia.

O namorado, Vincenzo Forti, permanece no hospital e, segundo um amigo, citado pelo La Republica, ele sabe “que ter sobrevivido é um milagre”. Enquanto os telemóveis tiveram bateria foram tendo alguma luz, depois, contou a sobrevivente, “foi a escuridão total”.

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Vicenzo Forti e Giorgia Galassi estavam de férias e sobreviveram à avalanche

Outra sobrevivente que estava perto do casal é Francesca Bronzi. A jovem estava acompanhada pelo namorado, que ainda não foi localizado, e segundo a mãe da jovem, salvou-se devido a uma cadeira alta que impediu que fosse esmagada por uma viga. Giampaolo Matrone, de Roma, estava junto dos jovens e ficou com o braço esmagado. Foi salvo, mas ainda não sabe onde está a mulher, que estava ao seu lado quando tudo aconteceu.