Com a Tesla, Elon Musk provou que os automóveis eléctricos (com o Model S, a partir de 2012) não tinham de ser necessariamente lentos, nem possuir autonomias reduzidas. Com a SpaceX, desde 2002, demonstrou que era possível colocar satélites em órbita em volta da Terra (entre 160 a 36.000 km) e realizar deslocações até à Estação Orbital Internacional (a 340 km) de forma substancialmente mais económica, preparando-se para introduzir, a partir de 2022, o conceito de viagens low-cost a Marte (56 milhões de km, só ida).

Depois destas duas verdadeiras lanças em África, em termos tecnológicos, Musk prepara desde 2013 o Hyperloop, um transporte de alta velocidade que pressupõe a deslocação de pessoas e carga em cápsulas, que levitam electromagneticamente através de um túnel em vácuo, em que a locomoção é assegurada por motores eléctricos lineares, o que lhe permite grande eficiência energética e atingir uma velocidade de 1.200 km/h.

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Curiosamente, o visionário empresário sul-africano que colocou a SpaceX a promover esta tecnologia de transporte revolucionária – tendo construído para o efeito umas instalações experimentais para ensaios e desenvolvimento, colocadas à disposição de técnicos e estudantes universitários a braços com projectos na área –, não tem qualquer interesse comercial no Hyperloop, pretendendo apenas agir como agente catalisador, ajudando a encontrar a melhor solução para uma tecnologia que Musk acredita ser o futuro.

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Dois melhor do que um

Fruto deste empurrão por parte de Musk, já existem no mercado duas empresas de dimensões generosas a comercializar projectos deste tipo. A Hyperloop One foi a primeira a surgir (2014) e tem entre mãos sistemas de transporte para pessoas e carga a velocidades superiores às dos aviões comerciais para os EUA, Emiratos Árabes Unidos, Rússia e, na Europa, na Finlândia e na Suíça, tendo previsto o ano de 2020 para a primeira unidade entrar em funcionamento.

A sua única concorrente – até agora – é a Hyperloop Transportation Technologies (HTT), que está prestes a erigir o primeiro projecto, e na Europa. Segundo divulgou a própria companhia, através do seu CEO, Dirk Ahlborn, um “acordo exploratório” foi já alcançado no sentido de avaliar das possibilidades de instalar o “seu” Hyperloop entre a Eslováquia e a República Checa.

https://www.youtube.com/watch?v=fC4RZoKRWs4

Segundo este responsável, caso o acordo agora alcançado venha a ser materializado, passará a ser possível fazer a viagem de 129 km, que separa Bratislava, capital da Eslováquia, e Brno, a segunda maior cidade da República Checa, em apenas 10 minutos! Ou seja, menos 80 minutos face ao tempo que actualmente levam os comboios que ligam as duas cidades.

No entender do CEO da HTT, “o mundo está pronto para abraçar o Hyperloop”, sendo que, a demonstrá-lo, está o facto de também a cidade de Abu Dhabi, a capital do segundo maior reino dos Emirados Árabes Unidos, ter já chegado a acordo com a empresa para a instalação de um sistema de transporte semelhante. Recorde-se que o Dubai, a maior das cidades, foi a primeira a requerer a instalação de um sistema de género. Embora, no caso, a solução escolhida tenha sido não a da HTT, mas o Hyperloop One.

Entretanto, a HTT anunciou igualmente estar em conversações com as autoridades de Melbourne, na Austrália, mais uma vez com o propósito de apurar sobre as possibilidades de instalar o Hyperloop na região.

Aprender com os melhores

A HTT é uma empresa norte-americana com pouco mais de 30 trabalhadores nos seus quadros, cujo trabalho de pesquisa e desenvolvimento tem sido feito por cerca de 800 engenheiros da NASA, Boeing e SpaceX. Os quais têm vindo a trabalhar para a HTT em troca de acções da empresa, ao mesmo tempo que mantêm os respectivos empregos.

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Graças à sua política, a startup viu já a sua valorização em bolsa subir até aos 100 milhões de dólares (pouco mais de 93 milhões de euros), ainda que as reservas da empresa não ultrapassem os 31 milhões de dólares (perto de 29 milhões de euros). O restante da valorização tem por base a capacidade laboral, serviços e outros tipos de investimentos realizados fora da companhia.

Para tornar o Hyperloop uma realidade, a HTT recorreu igualmente à tecnologia de levitação magnética desenvolvida pela Lawrence Livermore National Laboratory, além de contar com parcerias com empresas como o fornecedor de materiais compósitos Carbures e a companhia de design de engenharia Aecom. Sem esquecer a Oerlikon Leybold, empresa que trabalhou no acelerador de partículas do CERN, que se encontra instalado da Suíça.

Recorde-se que, também a China, está a desenvolver uma nova forma de transporte ultra-rápido, denominada comboio “Maglev”, com capacidade de alcançar uma velocidade máxima de 600 km/h. O desenvolvimento está a cargo da empresa estatal CRRC Corp, a qual deverá ter o projecto pronto até ao final da década.