Desde os anos 1990 que o Parlamento belga disponibiliza, nas suas instalações, cerveja e vinho grátis aos deputados. Na semana passada, contudo, foi votada uma norma para proibir esta benesse na sequência de uma recomendação feita pela comissão parlamentar de ética que apontava nesse sentido. Só que a recomendação não foi ouvida e, na hora de votar, os deputados votaram maioritariamente contra a proposta de acabar com o álcool grátis naquele órgão de soberania.

Em causa está o facto de no final da década de 90 o Parlamento ter implementado o conceito de “álcool grátis” dentro de portas para evitar que os deputados saíssem no decorrer das longas noites de debate parlamentar que marcaram o período de crise política que o país viveu naquela altura.

Mais de duas décadas depois, um incidente em setembro passado levou o Parlamento a repensar a norma. Um deputado foi acusado de fazer comentários expressamente racistas durante um debate parlamentar e o porta-voz da Assembleia, Siegfried Bracke, pediu, na sequência disso, à comissão parlamentar de ética que investigasse as práticas dos parlamentares. Foi o que a comissão fez e a conclusão a que chegou foi de que proibir a gratuitidade daquelas bebidas contribuiria para “elevar a qualidade do debate”.

“Alguns deputados tendem a tornar-se desagradáveis se beberem”, disse Danny Pieters, presidente do comité de ética, que ressalvou no relatório que bebidas com álcool a custo zero não é prática normal nos restantes locais de trabalho. Apesar das recomendações, contudo, os deputados discutiram o tema e a conclusão foi de que o problema era “não existente”. Ou seja, as bebidas podiam permanecer gratuitas.

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