O Banco Nacional de Angola (BNA) conta receber este ano assistência técnica norte-americana, ao nível da supervisão bancária e prevenção do branqueamento de capitais, para recuperar a confiança do sistema financeiro internacional e o acesso a dólares.

A informação foi transmitida esta terça-feira pelo governador do BNA, Valter Filipe, em Luanda, durante o ato que assinalou os 40 anos da entrada em circulação do kwanza, que em 1977 substituiu o escudo português, tendo afirmado que só com assistência desta natureza será possível aos bancos comerciais angolanos “resgatar a reputação para com os bancos correspondentes” e com isso a acesso a divisas.

“Nós estivemos em outubro nos Estados Unidos da América e conversámos com essas entidades, recomendaram algumas ações a nível de Angola, estamos a trabalhar nesta intenção e o contacto que temos estado a ter leva-nos a crer que este ano vamos ter assistência do Tesouro americano”, disse o governador do BNA.

Explicou tratar-se de uma assistência do ponto de vista da “formação e da melhoria dos níveis de trabalho”, quer a nível da supervisão bancária no banco central “quer a nível da prevenção de branqueamento de capitas” da Unidade de Informação Bancária.

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No cenário atual, sem acordos com bancos correspondentes internacionais devido às dúvidas sobre o cumprimento de regras internacionais por Angola, os bancos comerciais do país apenas conseguem comprar divisas ao BNA, agravando a crise financeira e económica decorrente da quebra nas receitas fiscais com a exportação de petróleo.

“Os nossos bancos comerciais, em função dos riscos de reputação do nosso país e dos bancos em particular, perderam a relação que tinham com os grandes bancos correspondentes”, admitiu Valter Filipe, na mesma cerimónia.

Para o governador, com eventuais acordos de assistência técnica exterior, “o receio que os bancos correspondentes têm vai imediatamente diminuir” e “haverá aqui um sinal de confiança do sistema bancário angolano”.

Restabelecer as operações em dólares com os bancos correspondentes é um dos desafios definidos pelo BNA para este ano.

Desafios que resultam do facto “de haver uma perceção das autoridades norte-americanas e europeias”, nomeadamente “as autoridades bancárias”, de que as instituições angolanas e “concretamente o sistema bancário” angolano “não faz um combate sério e ativo” às questões ligadas ao branqueamento de capitais e financiamento ao terrorismo.

“Daí a necessidade do reforço da supervisão bancária do Banco Nacional de Angola”, concluiu.