Os lucros do BPI subiram 32% em 2016, para 313,2 milhões de euros, informa o banco em comunicado enviado à CMVM esta quinta-feira. Os lucros dividiram-se de forma equilibrada entre a atividade doméstica e internacional (sobretudo Angola) e Fernando Ulrich diz, em plena OPA dos espanhóis do CaixaBank, que mesmo sem Angola “o BPI está bem e recomenda-se: os nossos concorrentes que se cuidem”.

As operações em Portugal tiveram lucros mais elevados do que no ano passado, um aumento de 58%, a beneficiar do aumento de 14% da margem financeira (a diferença entre os juros que o banco recebe pelos créditos que concede e o que paga pela liquidez que obtém, nomeadamente através dos depósitos).

Por outro lado, o banco beneficiou de ter registado menos imparidades em 2016, isto é, proveitos colocados de parte para precaver o incumprimento em créditos. A rubrica “imparidades e provisões líquidas para crédito e garantias” desceu 68% para 33 milhões. Em 2015, o banco tinha registado imparidades de 103,4 milhões.

A ajudar aos resultados anuais, na atividade doméstica (147 milhões), estiveram também as comissões, que subiram 1,5% para 259,7 milhões.

Por outro lado, os custos baixaram 0,4% em 2016. Entre 2007 e 2016 o banco reduziu os custos de estrutura em 19% (113,6 milhões) e de 2008 a 2016 reduziu o número de balcões em 34% (-272) e o número de colaboradores em 29% (2260 postos de trabalho a menos).

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Os acionistas têm até 7 de fevereiro para decidir se vendem ou não aos espanhóis do CaixaBank, sendo que o mercado antecipa que a oferta terá sucesso.

“Com um acionista como o Caixabank mais comprometido com o BPI, o futuro do BPI vai ser bom”, afirmou Fernando Ulrich. “Já estamos mais fortes porque ultrapassámos todas as dificuldades e, agora, com um banco como o Caixabank mais envolvido, o banco só pode ficar mais fortes — é um acionista muito forte, um banco muito competente, muito avançado do ponto de vista tecnológico. Vamos ficar mais fortes, os nossos concorrentes que se cuidem”.

“História bonita e rentável em Angola, que contrasta com outras”

Em Angola, onde o BPI cedeu o controlo do Banco Fomento Angola (BFA) à Unitel de Isabel dos Santos, o banco teve os melhores resultados de sempre: 162,7 milhões de resultado atribuível ao BPI, conforme a sua participação acionista, que é agora de 48%.

Na conferência de imprensa de Fernando Ulrich, o presidente do BPI congratulou-se pelos resultados obtidos pela operação em Angola, neste ano e no passado, lembrando que “foi uma história de sucesso, de portugueses e angolanos”. Este é uma história que, segundo Ulrich, “muita gente não gosta porque, se calhar, aumenta o contraste com outras situações”, numa referência velada ao BESA e às atividades do extinto BES em Angola.

Ulrich diz que o BFA em Angola foi uma “história bonita e rentável”, que começou com um investimento de menos de quatro milhões de euros e só em dividendos pagou 491 milhões de euros, ao longo dos anos. Além disso, encaixou-se quase 400 milhões de euros com a venda das participações no banco, primeiro para 51% e, agora, para 48% (à Unitel de Isabel dos Santos).