Algures em 1885, o navio SS Eider partiu do porto de Brema, no norte da Alemanha, rumo à cidade norte-americana de Nova Iorque. Havia 1.204 pessoas a bordo da embarcação construída dois anos antes pela escocesa John Elder & Co., de acordo com a lista onde a tripulação escreveu os nomes de todos os passageiros dentro do barco com 131 metros de comprimento. Quase no fim da página há um nome que sobressai: “Friedrich Trumpf”. Um “f” a mais no apelido do avô do atual presidente dos Estados Unidos da América. Também ele, com apenas 16 anos, deixava para trás a sua família em busca de melhor sorte no outro lado no Atlântico. Friederich Trump, natural de Kallstad, tornou-se assim no primeiro imigrante da família de Donald J. Trump.

Friederich mudou o seu nome para “Fred” Trump e começou a trabalhar como barbeiro em Nova Iorque. Pouco depois, mudou-se para Seattle onde começou a gerir um restaurante e, em 1898, para Skagway, cidade norte-americana próxima à fronteira com o Canadá. Foi aí que conheceu Ernest Levin, com quem abriu uma pequena barraca à beira da estrada onde vendia comida aos viajantes. Com o dinheiro, muitas vezes conseguido através da venda de carne de cavalo que os dois encontravam mortos pelo caminho, abriram um restaurante que ganharia fama e se tornou reconhecido: era o “New Arctic Restaurant and Hotel”, famoso pela qualidade da comida e… pelas mulheres.

Em 1901, quando a economia começou a abrandar, Friederich Trump voltou a Nova Iorque e depois a Kallstadt, na Alemanha, mas apenas para recuperar o amor da sua antiga vizinha, Elizabeth Christ. Nesse mesmo ano, os dois regressaram aos Estados Unidos e tiveram dois filhos. O mais novo era Frederick Christ Trump, pai de Donald Trump, que nasceu em 1905 em Woodhaven, Queens.

Aos 15 anos, dois anos depois de o avô Trump ter morrido com a gripe espanhola de 1918, Frederick Christ Trump mostrou tanto jeito para os negócios como o seu pai: com os 31,6 mil dólares deixados por Friederich Trump (o equivalente agora a 504 mil dólares) e com as economias dadas pela mãe, o pai do presidente americano abriu uma construtora de garagens. Nessa época dizia ter origem sueca, não alemã.

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De todas as pessoas que já fizeram parte do círculo próximo da família do Presidente Trump há seis imigrantes. Além dos avós paternos, também a mãe de Donald Trump, Mary Anne MacLeod, veio do outro lado do oceano. Natural da Escócia, Mary Anne partiu da ilha de Lewis em 1912 a bordo do navio SS Transylvania, onde assinou a lista de passageiros com a profissão de “doméstica”. Tinha 18 anos quando conheceu Frederick Christ Trump numas férias de verão em Nova Iorque. Estávamos em 1930. Casaram seis anos depois, mas Mary Anne só veio a conseguir a nacionalidade norte-americana em 1942. Quatro anos mais tarde nasceria Donald J. Trump, o terceiro dos quatro filhos do casal.

O novo presidente dos Estados Unidos tornou-se num dos homens de negócio mais poderosos do mundo e com uma vida amorosa tão conturbada quanto multicultural. Duas das três mulheres com quem Donald Trump já casou é natural dos Estados Unidos. A primeira, Ivana Trump, com quem esteve casado entre 1977 e 1992, era natural de Zlín, na República Checa. O segundo casamento, que durou entre 1993 e 1999, foi com Marla Maples, nascida no estado da Georgia. E a atual mulher de Donald Trump, Melania, é natural de Novo Mesto, Eslovénia (antiga Jugoslávia).

Na sua primeira semana como presidente dos Estados Unidos da América, Donald Trump lançou um decreto anti-imigração que limita a entrada de cidadãos estrangeiros, principalmente naturais de países muçulmanos que a nova administração decidiu colocar na sua “lista negra” de suspeitas de terrorismo. As fronteiras norte-americanas estão agora a ser mais controladas, com alguns refugiados e imigrantes proibidos de regressar ou de se fixarem nos Estados Unidos. Uma ironia para muitos, vistas as origens de Donald Trump.