Brunhilde Pomsel, antiga secretária de Joseph Goebbels, responsável pela propaganda da Alemanha nazi, morreu na sexta-feira, em Munique, aos 106 anos, dá conta o The Washington Post. A sua morte foi confirmada por Roland Schrotthofer, diretor do filme “A German Life” – Uma Vida Alemã -, elaborado a partir dezenas de entrevistas conduzidas com a colaboração de Pomsel, há cerca de três anos. Não foi dado mais nenhum detalhe em relação à sua morte.

A ex-secretária de Goebbels, tida como uma das maiores testemunhas sobre o que se passava no topo da liderança do nazismo, disse no documentário nunca ter sabido do homicídio em massa dos seis milhões de judeus, de ciganos e de pessoas de outras minorias pelas mãos do regime de Hitler. Quanto questionada sobre se se sentia culpada pelas ações dos seus superiores, explicou: “Eu não vejo como culpada. A menos que a população de toda a Alemanha seja culpada por isso”.

[Veja abaixo uma parte do trailer de “A German Life”]

Brunhilde Pomsel era uma das últimas sobreviventes do staff da hierarquia nazi, tendo ficado conhecida após a estreia do documentário em Nyon, na Suíça, no ano passado. Nascida em janeiro de 1911, chegou a trabalhar como escriturária numa seguradora judaica durante alguns anos da sua adolescência antes de ter aceite uma oferta de emprego semelhante feita pela extrema-direita alemã. Embora Pomsel nunca tenha feito parte de nenhum regime partidário, alistou-se ao Partido Nazi quando este chegou ao poder, em 1933, com o objetivo de conseguir emprego numa rádio alemã. Mas as suas habilidades na datilografia levaram-na ao cargo de secretária de Joseph Goebbels, cargo que desempenhou a partir de 1942 e durante três anos.

Segundo a BBC, Brunhilde Pomsel foi capturada pelas tropas soviéticas no final da II Guerra Mundial e passou cerca de cinco anos em campos de detenção antes de conseguir regressar à Alemanha e voltar a desempenhar um cargo na rádio e televisão, em 1950. Viveu perto de Munique e nunca casou nem teve filhos.

As suas funções como “braço-direito” de Goebbels, e tão próximas da realidade nazi, só foram faladas abertamente e em detalhe por Pomsel já na reta final da vida: em 2011, numa entrevista a um jornal alemão e, mais pormenorizadamente, no documentário “A German Life”.

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