A gestão da Carris passa esta quarta-feira para as mãos da Câmara Municipal de Lisboa. A dívida histórica de 600 milhões de euros fica no Estado, mas Fernando Medina não tem dúvidas de que é esta a “casa” da rodoviária, como disse em novembro. António Costa defendeu, esta quarta-feira, durante a cerimónia que marcou a passagem da gestão, que era um dia de “boas notícias”.

Falando aos jornalistas antes de uma viagem de elétrico entre Alcântara e a Praça do Município, onde se situa a autarquia da capital, o primeiro-ministro valorizou o “momento simbólico em que a Carris volta ao município de Lisboa” e sublinhou que, no que refere às dúvidas dos comunistas nesta matéria, estas não colocam em causa a operação.

“O PCP já ontem [terça-feira] esclareceu que a iniciativa que tem [apreciação parlamentar] não coloca em causa esta transferência da propriedade nem a vigência do decreto de lei. Porventura deseja ter algum aperfeiçoamento mas não põe em causa esta transferência, e isso é o essencial e a transferência está hoje consumada, está feita. Boas notícias, vamos a isto”, declarou o chefe do Governo, citado pela agência Lusa.

A decisão do Governo surgiu na sequência da suspensão dos processos de concessão das empresas públicas de transporte, lançados em 2011 pelo Governo de Pedro Passos Coelho. Mas o PCP discorda e entregou no Parlamento um pedido de apreciação parlamentar do diploma, com propostas de alteração.

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Mas o que muda a partir de hoje?

Passes gratuitos até aos 12 anos
Com a entrada da Carris para a esfera da autarquia, as crianças até aos 12 anos deixam de pagar 26,75 euros por mês para andar de autocarro e de metro. Basta-lhes ter o cartão Lisboa Viva. A Câmara Municipal exemplifica que uma família com dois filhos menores de 12 anos poupa 642 euros por ano com esta medida.

Menos 44% para os mais de 65 anos
Os mais velhos também não vão ter passes gratuitos, mas vão ter um desconto de 44%. Os passes Navegante Urbano, para quem tem mais de 65 anos vão passar a custar 15 euros em vez dos atuais 26,75 euros. São menos 141 euros por ano.

A nova Rede de Bairros
Vão ser lançadas 21 novas carreiras, que ligam os principais pontos de cada bairro. O Público avançou que este ano começam já a funcionar duas linhas novas em Marvila, uma nos Olivais e outra no Parque das Nações. Até 2019, serão concluídas as restantes, que devem passar por Alvalade, Arroios, Avenidas Novas, Beato, Belém, Benfica, Campo de Ourique, Campolide, Carnide, Estrela, Lumiar, Misericórdia, Penha de França, Santa Clara, São Domingos, São Vicente, Santo António e Santa Maria Maior.

Mais autocarros, menos poluentes e mais motoristas
O plano da Câmara Municipal de Lisboa passa por adquirir 250 novos autocarros nos próximos três anos, aumento a frota em 10%, com um acréscimo de 70 viaturas. Outro dos objetivos passa também por reduzir a idade média da frota de 12 para 10 anos e substitui-la por autocarros menos poluentes, subindo o número de autocarros movidos a gás e elétricos. O plano passa ainda por contratar 220 motoristas.

Corredores BUS de “elevado desempenho”
Fernando Medina também quer que haja sete corredores BUS de “elevado desempenho” em percursos que a Câmara Municipal considera estruturantes. Como? Com segregação especial de vias, redução de obstáculos, semaforização prioritária ou outras soluções.

Uma app nova e Wi-Fi gratuito nos autocarros
A aplicação móvel que a Câmara quer lançar deve servir para os utilizadores terem informação em tempo real sobre o tempo de espera das carreiras e o trajeto que vão fazer, apresentando também quais os percursos mais rápidos para o destino apontado por cada utilizador. Os autocarros vão ter também Wi-Fi gratuito.