Depois do recém-empossado presidente norte-americano Donald Trump ter assinado uma ordem executiva proibindo a entrada nos EUA de refugiados e outros cidadãos, oriundos de sete países islâmicos, são já várias as empresas que juntam a sua voz ao coro de protestos. Com companhias como a BMW, a Ford ou a Tesla, ou de transporte de passageiros como a Uber e a Lyft, a assumirem publicamente a sua oposição à medida, que Elon Musk, CEO da mais famosa marca de automóveis eléctricos da actualidade e ele próprio convidado para conselheiro económico do novo presidente, qualifica de “má política”.

Através da rede social Twitter, Musk defendeu que a decisão de impedir a entrada nos EUA de cidadãos oriundos de países maioritariamente islâmicos “não é a melhor forma de enfrentar os desafios que o país tem pela frente”, até porque “muitas das pessoas afectadas” por esta medida “são fortes apoiantes” dos Estados Unidos. “Eles agiram bem, não mal, pelo que não merecem ser rejeitados.” O CEO da Tesla desafia mesmo aos seus seguidores no Twitter a apresentarem sugestões sobre aquilo que deve ser mudado na lei, prometendo procurar “um consenso no conselho consultivo, para depois apresentar ao Presidente”.

Reagindo igualmente à medida presidencial, o CEO da Ford, Bill Ford, enviou já um comunicado para publicação no Automotive News, em que salienta que “o respeito por todos os indivíduos é um dos valores-base da Ford Motor Company”. Bill Ford vai directo ao ponto: “Temos orgulho na diversidade da companhia, tanto aqui na nossa casa, como pelo mundo fora. Este é o motivo por que não apoiamos esta política ou outras que se apresentem contra aqueles que são os nossos valores.”

O mesmo responsável reconheceu ainda não saber “se algum dos empregados da Ford Motor Company será afectado por esta medida”, garantindo, no entanto, que a marca continua a trabalhar no sentido de assegurar o bem-estar dos seus funcionários, “através da promoção dos valores de respeito e inclusão no local de trabalho”.

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Já o CEO da BMW América do Norte, Ludwig Willisch, admite que nunca imaginaria que a entrada de imigrantes pudesse vir a ser um problema. “Este país é uma fusão de influências, onde existe liberdade de expressão, e em que toda a gente sempre se uniu para ajudar a construir esta grande nação. Como tal, não estávamos preparados para assistir a uma coisa destas.”

Além da indústria automóvel, também outros sectores da economia americana assumiram já publicamente a sua oposição à medida de Trump, como as companhias de transportes de passageiros Lyft e Uber. Num e-mail, os co-fundadores da Lyft, Logan Green e John Zimmer, começam por salientar que a companhia que fundaram defende um mundo “diversificado, inclusivo e seguro, pelo que impedir pessoas de entrarem nos EUA com base na sua fé ou credo, raça ou identidade, orientação sexual ou aspectos étnicos, é anti-ético para a Lyft e contrário aos valores da nação”. Como tal, dizem-se “contra esse tipo de medidas”, garantem que não se vão calar e, de caminho, anunciaram a doação, durante os próximos quatro anos, de 1 milhão de dólares (cerca de 934 mil euros, à cotação actual), à União das Liberdades Civis da América. Medida que, consideram alguns media, poderá vir a resultar num aumento do número de clientes da companhia, fruto também daquilo que muitos americanos qualificam de fraca resposta pública por parte da rival Uber a este assunto.

Ainda na sexta-feira, o CEO da Uber, Travis Kalanick, qualificou a lei anti-imigrantes de Trump de “injusta”, ao mesmo tempo que garantiu que a Uber fornecerá apoio legal e compensações a todos os condutores afectados pela medida. Travis Kalanick fez ainda saber que a companhia “pressionará o Governo para que restaure imediatamente o direito dos cidadãos norte-americanos a viajarem, seja qual for o seu país de origem”. Ainda assim, o CEO da Uber não deixou de ser criticado, não só pelas suas ligações a Donald Trump, bem como pelo facto de continuar a fazer parte da sua Comissão de Aconselhamento Económico.