Os automóveis eléctricos obrigam a um esforço adicional dos construtores, de forma a garantirem os mesmos níveis de segurança aos ocupantes. E não, não tem nada a ver com o tipo de combustível utilizado, nem com o volume de emissões emitidos. O esforço adicional que é solicitado à estrutura dos carros accionados a electricidade, armazenada em baterias, é devido exclusivamente ao peso das mesmas, pois a um peso superior corresponde também uma superior quantidade de energia cinética a dissipar e, logo, a absorver pelo chassi do modelo, esforço que consegue realizar deformando-se.
Para este crash test comparativo utilizamos os valores coligidos pelo EuroNCAP, organismo internacional respeitado e com grande tradição em atirar carros contra a parece, para depois analisar ao pormenor o nível de segurança que oferecem aos seus ocupantes, sejam eles adultos ou crianças, intervenientes em embates frontais ou laterais, contra barreiras sólidas ou deformáveis. A ânsia de medir a segurança passiva dos veículos vai mesmo ao ponto de avaliar o comportamento do veículo quando embate de lado contra um poste, ou os danos que provoca num peão, quando o atropela.
Mediante todos estes critérios de análise, qual o automóvel accionado por energia eléctrica mais seguro, entre os 100% eléctricos? Apresentamos-lhe os resultados referentes à coqueluche do segmento, o Tesla Model S, o mais potente, o mais veloz, o mais espaçoso e bem equipado, além de incomparavelmente ser o mais caro entre os restantes modelos que incluímos neste comparativo. Frente ao modelo americano, era forçoso alinhar o Nissan Leaf, o eléctrico que mais vende no mundo, e o Renault ZOE, o líder do mesmo ranking mas ao nível europeu, com o BMW i3 a encerrar o lote por também figurar entre os de maior procura à escala global.
E, para que se possa concluir sobre a evidente evolução dos veículos eléctricos no que respeita à segurança passiva, incluímos igualmente o desempenho conseguido no crash test do EuroNCAP pelos modelos mais antigos do mercado accionados a energia eléctrica, todos eles produzidos pela Mitsubishi, com base no seu I-MiEV, respectivamente o Citroën C-Zero e o Peugeot iOn.
Na fotogaleria pode ver o desempenho de todos os veículos em contenda, mas os vídeos de cada um deles são igualmente elucidativos.
Tesla Model S
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BMW i3
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Nissan Leaf
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Renault ZOE
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Mitsubishi I-MiEV – Peugeot iOn – Citroën C-Zero
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Em síntese
As cinco estrelas e os 89% de resultado global, atribuídos pelo EuroNCAP de acordo com os seus rígidos padrões no que respeita à avaliação da segurança, são motivos mais que suficientes para confiarmos nos automóveis eléctricos, sobretudo quando algo de muito errado acontece e o acidente é inevitável. Veículos distinguidos com cinco estrelas há apenas três, respectivamente Renault, Nissan e Tesla, com o carro americano a ser ligeiramente penalizado pelo funcionamento menos bom do airbag frontal do passageiro, cujo software mal calibrado permitia que a cabeça atingisse o tablier mesmo depois de esvaziar o airbag – com a Tesla a reconhecer o erro e a alterar o sistema após este crash test.
Estas avaliações decorreram entre 2011 e 2014, sendo o primeiro ano respeitante ao I-MiEV e o último ao Model S, com os restantes a terem lugar em 2012 (Leaf) e em 2013 (ZOE e i3), sendo que os veículos não conheceram modificações estruturais desde esse período, pelo que os resultados continuam actuais.
O Renault e o Nissan são os mais eficientes e atingem ambos 32 pontos, a que corresponde 89% na avaliação total, com o carro francês – parceiro do japonês na Aliança Renault-Nissan – a destacar-se muito ligeiramente pelo melhor desempenho no embate frontal (é mesmo o melhor dos cinco), a que o Leaf responde com uma maior resistência ao ser embatido lateralmente por um poste.
O Tesla surpreende pela positiva, sobretudo porque não é muito habitual um veículo do outro lado do Atlântico ter um tão bom desempenho nos crash tests europeus. De destacar é ainda o facto de o Model S conseguir a segunda melhor pontuação no embate frontal, logo atrás do ZOE.
A quarta posição é pertença do i3, mas o BMW não anda muito longe dos seus três rivais mais directos. O carro alemão recebe apenas quatro estrelas do EuroNCAP, sendo batido pelos rivais europeus e americanos, isto apesar de ser mais dispendioso do que os primeiros.
A última posição é, como seria de esperar, pertença do modelo mais antigo. E nem o facto de ser mais leve (com apenas 1110 kg, contra 1.250 kg do BMW, 1.468 kg do Renault, 1.530 kg do Nissan e 2.100 kg do Tesla) faz com que o I-MiEV consiga rivalizar com os seus concorrentes directos. É o preço a pagar pela Mitsubishi por ter o automóvel mais antigo do lote, juntamente com os Peugeot iOn e o Citroën C-Zero, também eles fabricados pela marca japonesa.
Renault ZOE | Nissan Leaf | Tesla Model S | BMW i3 | Mitsubishi I-MiEV | |
Resultado final | 1º | 2º | 3 | 4º | 5º |
Estrelas EuroNCAP | ***** | ***** | ***** | **** | **** |
Pontuação total | 32 p/89% | 32 p/89% | 31 p/82% | 31 p/86% | 26 p/73% |
Protecção adulto | 89% | 89% | 82% | 86% | 73% |
Protecção criança | 80% | 83% | 77% | 81% | 78% |
Protecção peão | 66% | 65% | 66% | 57% | 48% |
Sistemas de segurança | 85% | 84% | 71% | 55% | 86% |
Embate frontal (pontos) | 15,6 | 13,6 | 14,4 | 13,6 | 9,9 |
Embate lateral (pontos) | 8 | 8 | 8 | 8 | 7 |
Embate no poste (pontos) | 5,8 | 7,4 | 6,3 | 6,6 | 6 |