Dez mil balões multicolores insuflados com hélio a imitar pensamentos e falas de personagens de banda desenhada ocupam entre eesta sexta-feira e 7 de maio os tetos de 13 galerias do Museu de Serralves, no Porto.

“A Time Coloured Space” (Um espaço da cor do tempo), do artista francês Philippe Parreno, 52 anos, é “a primeira exposição de 2017 de Serralves” e vai ocupar “todas as salas do museu de forma dinâmica”, articulando a “arte e a arquitetura” de um espaço assinado pelo arquiteto Siza Vieira, explicou esta sexta-feira a presidente do Conselho de Administração da Fundação de Serralves, Ana Pinho.

“A Time Coloured Space” é também a primeira exposição em Portugal da obra de Philippe Parreno, artista nascido na Argélia.

Philippe Parreno, que está esta sexta-feira no Porto, para participar na inauguração da sua exposição, explicou aos jornalistas que o seu trabalho em Serralves é composto por milhares de balões, mas também por 200 desenhos a tinta da série Pirilampos, realizados entre 2012 e 2016 quando teve de se submeter a quimioterapia para lidar com um cancro.

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Os ritmos e a frequência do som e da luz e o movimento de estores de janelas que foram programados segundo a partitura musical da Fuga n.º 24 de Dmitri Shostakovich também foram destacados por Philippe Parreno, assumindo que a ficção científica também está presente na exposição.

Questionado pela Lusa sobre qual a mensagem que queria transmitir ao público que visitasse “A Time Coloured Space”, Philippe Parreno assumiu que “quando se faz arte, está-se muito longe da comunicação, ao contrário dos jornalistas”.

“Não tenho mensagem, é muito mais pragmático do que provocar. É um museu desenhado por Siza Vieira, uma série de salas e uma série de exposições. Quando fiz esta exposição não tinha uma mensagem para transmitir. Por outro lado, há uma experiência arquitetural e espacial e temporal. É para viver esta experiência”, concluiu o artista, acrescentando que se trata de uma experiência um pouco na senda da ficção, como ir ao cinema ver e ouvir uma história.

Parreno criou para o espaço de Serralves, onde é exibido a obra “how can we know the dancer from de dance”, uma plataforma circular suspensa, onde a iluminação mapeia a constelação de estrelas sob cidade do Porto e que se trata de uma interação de um trabalho do artista de 2012 nos EUA que abordava o impacto de Marcel Duchamp na obra de artistas norte-americanos do pós-guerra, como o compositor John Cage ou o coreógrafo Merce Cunningham.

A exposição de Parreno, patente em Serralves até 7 de maio, culmina no auditório de Serralves, onde se vai poder visualizar uma projeção contínua a três dimensões que remete para a época do cinema mudo acompanhado por música ao vivo.

No auditório de Serralves, os visitantes vão poder ver um piano no palco a emitir sons do processo de aprendizagem da partitura musical da Fuga n.º 24 em Ré menor de Shostakovich.

Segundo adiantou à Lusa a diretora do Museu de Serralves e curadora da exposição, Suzanne Cotter, a produção do trabalho de Parreno foi “complexa”, envolveu uma equipa de 30 pessoas e levou cerca de três semanas para implementar nas galerias do museu.