A última zona de muralhas a precisar de intervenção urgente na vila medieval de Monsaraz, no concelho de Reguengos de Monsaraz, vai ser requalificada, num projeto de 1,36 milhões de euros que vai criar um percurso pedonal inovador.

Este troço “é o último a necessitar de intervenção urgente” e, com as obras, a vila fica com “60 ou 70% da envolvente adequada à circulação pedonal, usufruindo da paisagem exterior”, realçou à agência Lusa José Calixto, presidente da Câmara de Reguengos de Monsaraz, no distrito de Évora.

Nos últimos anos, continuou o autarca alentejano, foi feito o tratamento de várias secções de muralha que, “devido à circulação de pessoas e de viaturas, tinham que ser intervencionadas com muito mais urgência”.

Quanto a este plano de muralhas, situado a poente e que “não tem circulação de pessoas”, a obra não era “tão urgente, na altura”, mas a situação mudou, segundo José Calixto: “A degradação dos anos tem feito com que a sua conservação, neste momento”, seja “absolutamente urgente para garantir até a integridade das zonas adjacentes”.

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O projeto candidatado pelo município ao programa operacional regional Alentejo 2020, para a requalificação desta parte das muralhas de Monsaraz e a reabilitação do Caminho da Barbacã, já foi aprovado e o procedimento para a empreitada de execução das obras deve ser lançado “ainda durante este mês”, explicou o autarca.

A intervenção, que José Calixto gostaria que arrancasse no prazo de “seis meses, se tudo correr bem” com o concurso público, implica 1,36 milhões de euros de investimento, dos quais 75% financiados pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER).

As obras vão permitir finalizar a recuperação estrutural das muralhas e criar um percurso pedestre “inovador”, de acordo com o autarca, porque vai abranger o interior e o exterior do castelo, junto à Barbacã, com ligação ao Centro Interativo da História Judaica em Monsaraz.

“Essa circulação de pessoas entre o exterior e o interior da muralha é algo inovador” porque os visitantes da vila medieval alentejana “deixam de ter só a possibilidade de usufruir do magnífico património construído, mas passam também a poder usufruir de toda a paisagem cultural envolvente”, frisou.

Com as obras, destacou, “vai ser aberta para o exterior da muralha uma porta que estava entaipada há muitos anos”, o que vai permitir que os turistas “entrem ou saiam do Castelo para sul”, com uma “visão muito alargada” tanto para “o lago do Alqueva”, como para “a paisagem tipicamente alentejana”.

“Irá alargar muito os horizontes de quem visita Monsaraz”, indicou José Calixto, apontando a importância da reabilitação e do percurso pedonal naquele que “é um dos principais pontos turísticos do concelho e do distrito de Évora”.

O número de turistas no concelho de Reguengos de Monsaraz, observou, tem subido com a vila medieval a receber “mais de 80 mil visitas por ano”.

“Só nos monumentos” da vila, “temos cerca de 160 mil visitas, ou seja, cada turista, em média, registou entrada em dois pontos de interesse”, referiu, explicando que há também “cada vez mais turistas estrangeiros”, oriundos sobretudo de países como Espanha, França, Brasil, Inglaterra e Estados Unidos.

As fortificações de Monsaraz estão classificadas como Monumento Nacional desde 1946, tendo sido aumentada a sua abrangência em 1971 a todo o conjunto medieval intramuros da vila.