O presidente norte-americano Donald Trump assistiu à final do Super Bowl deste ano no Trump International Golf Club Palm Beach (Flórida). E nem o ar simpático com que aplaudiu a banda da escola secundária Palm Beach Central o poupou das duras críticas, umas mais discretas do que outras, durante o evento mais marcante do futebol americano. As câmaras estavam todas voltadas para o jogo entre os New England Patriots e os Atlanta Falcons. Os manifestantes, os artistas que influenciam a opinião pública e as marcas mais poderosas sabiam onde se fazerem ouvir. E fizeram por isso.

Os protestos

Todas as causas saíram à rua no último domingo. Enquanto 70 mil pessoas assistiam à final do Super Bowl no NRG Stadium em Houston, centenas de manifestantes aproveitaram a ocasião para desfilarem entre o edifício da Câmara Municipal da cidade e o NFL Experience (um festival de fãs de futebol americano mesmo junto ao estádio) munidos de cartazes anti-Trump. Durante a caminhada falou-se da luta contra o tráfico humano, das mudanças climáticas e das políticas de Trump contra os imigrantes. Os protestos não interferiram com o jogo.

As manifestações junto ao estádio em Houston. Créditos: Tim Warner/Getty Images.

A atuação de Lady Gaga

Só o facto de Lady Gaga, uma assumida defensora dos direitos das minorias, ter subido ao palco no intervalo do Super Bowl previa uma qualquer manifestação por parte da artista. As críticas chegaram, mas de forma discreta. Lady Gaga começou por pedir que Deus abençoasse a América para logo citar um poema de Woody Guthrie sobre um país aberto ao mundo e sem fronteiras, livre e pertencente a todos, numa clara afronta as políticas anti-imigração do novo presidente dos Estados Unidos. De resto, as críticas vindas da artista norte-americana vieram da própria música: o repertório escolhido fazia uma viagem aos maiores sucessos da artista, incluindo o tema “Born This Way”, onde Lady Gaga defende a igualdade e o direito à identidade — seja ela qual for. A verdade é que a cantora não teve de se desviar do posicionamento que assumiu desde o início da sua carreira para tecer críticas a Donald Trump, tal como a mesma tinha sublinhado em entrevistas antes ainda do evento desportivo.

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Os dançarinos de Lady Gaga numa atuação que fez lembrar o estilo “Thriller” de Michael Jackson. Créditos: Christopher Polk/Getty Images

Os anúncios

Houve três marcas a causar burburinho com as críticas evidentes ao presidente dos Estados Unidos. Uma delas foi a 84 Lumber. Este ano, a marca de materiais de construção mostra a história de uma mãe e filha, naturais de um país onde se fala castelhano, que parecem ter de deixar a sua casa para trás e procurar novas oportunidades nos Estados Unidos. O vídeo mostra todas as adversidades que as duas têm de passar na sua jornada até a um novo país, mas termina de forma curiosa: é que, no fundo, não termina. Aparentemente, a parte em que mãe e filha encontram um muro na fronteira com os Estados Unidos foi censurada. Por isso, a 84 Lumber reduziu o vídeo e convidou o público a procurar o fim da história no seu site. Acontece que o site ficou indisponível com tantos curiosos por saber o destino desta família. Mas o YouTube já deu uma ajuda.

Outra marca foi a Coca-Cola que, no YouTube, acompanha o seu vídeo com a mensagem: “Acreditamos que a América é linda e que a Coca-Cola foi feita para todos. Vamos celebrar os momentos entre todos os americanos que promovem otimismo, inclusão e humanidade — valores que nos aproximam”. O vídeo, intitulado de “It’s Beautiful” não é novo: foi rebuscado de um anúncio que já tinha sido lançado pela marca no passado (no Super Bowl de 2014 e durante os últimos Jogos Olímpicos), mas que foi reutilizado por se encaixar bem no ambiente político vivido agora nos Estados Unidos. Está aqui:

https://www.youtube.com/watch?v=LhP5sDUnF6c&feature=youtu.be

Por fim, a Budweiser (famosa pelos anúncios arrojados e por norma emotivos) aproveitou os seus segundos de atenção para falar sobre… imigrantes que fizeram da América “great again”. O anúncio conta a história de Adolphus Busch, o alemão que entrou nos Estados Unidos para fundar aquela que é agora uma das maiores marcas de cerveja do país. Depois de ultrapassar as dificuldades da discriminação, Busch teve na mão o poder do sonho americano. A Budweiser já veio dizer que o anúncio foi feito para passar uma mensagem: que “nunca se retroceda nos sonhos e nas crenças”. Está aqui em baixo.