O primeiro-ministro francês, Bernard Cazeneuve, e o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, advertiram nesta segunda-feira o Reino Unido de que os termos de qualquer acordo de saída da União Europeia (Brexit) não serão melhores que ser Estado-membro. Cazeneuve acrescentou que o Reino Unido deve discutir o seu acordo de divórcio do bloco europeu, incluindo o pagamento de uma conta de saída que a UE estima em 60 mil milhões de euros, antes que negociações sobre uma futura relação bilateral possam sequer ser iniciadas.

“Primeiro, temos de discutir as condições em que se fará a saída e fazê-lo dentro do prazo estabelecido para negociação, sem perder tempo”, disse o chefe do executivo francês depois de se reunir com Juncker em Bruxelas. Tal deverá ser feito, prosseguiu Cazeneuve, “com o objetivo de assegurar que os interesses da UE ficam defendidos e que um Estado que abandona a UE não pode beneficiar de um regime melhor que o que existe entre Estados-membros”.

Juncker, o ex-primeiro-ministro do Luxemburgo que dirige o órgão executivo do bloco comunitário, fez uma advertência semelhante a Londres. “Estamos de acordo num ponto central: que o acordo que um dia será oferecido ao Reino Unido não poderá ser tão vantajoso” como ser Estado-membro de pleno direito da UE, frisou.

Por sua vez, o novo presidente do Parlamento Europeu (PE), Antonio Tajani, defendeu que os eurodeputados “merecem participar em todas as decisões” sobre o Brexit. O negociador do ‘Brexit’ no PE, Guy Verhofstadt, alertou que o plenário, que tem o voto final em qualquer acordo de ‘Brexit’, pode vetar uma solução que seja demasiado branda ou generosa.

A primeira-ministra britânica, Theresa May, comprometeu-se a acionar o Artigo 50.º do Tratado de Lisboa até ao final de março, data a partir da qual os negociadores terão dois anos para alcançar um acordo antes de o ‘Brexit’ se concretizar. May declarou querer que o Reino Unido mantenha o maior acesso possível ao mercado único europeu, reduzindo, ao mesmo tempo, a imigração de países da UE, mas Bruxelas respondeu que ela não pode escolher aquilo com que quer ficar e rejeitar o resto.

O Reino Unido crê que a conta a pagar pela saída, que inclui obrigações orçamentais e contributos para pensões de funcionários da UE, deverá rondar os 20 mil milhões de euros, segundo fontes europeias.

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