O presidente da Câmara dos Comuns britânica, John Bercow, disse esta segunda-feira que não deveria ser dada autorização a Donald Trump para falar em Westminster Hall — aquando da visita do presidente norte-americano ao Reino Unido –, porque a Câmara dos Comuns se opõe “ao racismo e ao sexismo”, conta o The Guardian.

John Bercow falou na Câmara dos Comuns (equivalente à Assembleia da República) durante a tarde desta segunda-feira. Referiu que não tinha poder para bloquear a visita de Donald Trump e que “valorizava” a relação do Reino Unido com os Estados Unidos, mas que “sentia com muita força que a oposição britânica ao racismo, ao sexismo, o apoio à igualdade perante a lei e a independência do sistema de justiça são importantes para a Câmara dos Comuns”.

“Antes da imposição do decreto anti-imigração, ter-me-ia oposto fortemente a um discurso do presidente Trump em Westminster Hall. Agora, depois desta imposição, a minha oposição ao discurso do presidente Trump é ainda mais forte”, afirmou o presidente da Câmara dos Comuns.

Fontes do Governo já disseram ao Guardian que consideravam a intervenção do presidente “altamente política e fora das linhas” e que Bercow deveria ter-se informado melhor antes de fazer este tipo de declarações. “Há indicações claras de que a Casa Branca não está sequer a planear um discurso nas duas casas do parlamento [britânico]”, disse a mesma fonte.

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Segundo a mesma publicação, as intenções de Donald Trump estão viradas para a casa real britânica e não tanto para o parlamento. “A indicação que temos é que ele quer ter visitas de elevada visibilidade com os membros da família real”, disse a fonte.

No Reino Unido, está a decorrer uma petição contra a visita de Estado de Donald Trump, que já foi assinada por perto de dois milhões de pessoas. Agora, John Bercow diz que o presidente norte-americano não devia “ter a honra de falar em Westminster Hall”, a casa da Câmara dos Comuns britânica.

Petição contra visita de Trump ao Reino Unido já tem mais de um milhão de assinaturas

Na petição, os britânicos também já tinham pedido para que não sejam concedidas honras de visita de Estado ao presidente norte-americano, que incluem o protocolo de ser recebido pela rainha Isabel II, no Palácio de Buckingham. Bercow explicou que o convite para discursar em Westminster Hall não se traduzia automaticamente numa visita de Estado.

A petição surgiu como resposta à assinatura do decreto anti-imigração de Donald Trump, que suspende a entrada a todos os refugiados durante 120 dias e a concessão durante 90 dias de vistos a sete países de maioria muçulmana — Líbia, Sudão, Somália, Síria, Iraque, Iémen e Irão — até que se estabeleçam novos mecanismos de segurança.

De acordo com a agência Lusa, o governo britânico é forçado a responder a todas as petições que recebam mais de 10 mil assinaturas e as petições que ultrapassem as 100 mil assinaturas são levadas à discussão no parlamento britânico.