Na primavera de 2014, Donald J. Trump adquiriu um resort de golfe na pequena vila de Doonbeg, junto à costa oeste da Irlanda. Em plena crise da economia irlandesa, o negócio terá custado pouco mais de 15 milhões de dólares, cerca de 13,99 milhões de euros. Uma pequena pechincha para o magnata. No entanto, o campo de golfe sofria com os fortes ventos que se faziam sentir na região. Era preciso encontrar uma solução e foi isso que a equipa do agora Presidente norte-americano fez: a ideia era construir um muro de mais de 3 quilómetros, com 4 metros de altura e quase 200 mil toneladas, capaz de proteger o campo de golfe da ventania. Mas as pretensões do republicano foram travadas: e muito por causa de um caracol.

A história é recuperada pelo jornal norte-americano The Washington Post, que aproveita para contar o braço de ferro que Donald Trump manteve com surfistas e organizações ambientais. A empreitada do magnata provocaria, acreditam os opositores, a destruição das dunas que circundam o local e colocaria em risco uma área classificada como “zona de proteção especial” e um habitat para esta espécie protegido de caracol microscópico.

A disputa entre os responsáveis pelo consórcio e as autoridades irlandeses durou até ao início de novembro. Pouco depois da vitória de Trump nas eleições, conta o mesmo jornal, a equipa que representa a marca Trump desistiu do projeto e propôs uma alternativa: dois muros mais pequenos que, juntos, têm um terço do tamanho original.

No entanto, as mesmas organizações que se opuseram ao plano inicial de Trump, que previa um investimento de 45 milhões de dólares, cerca de 41 milhões de euros, para relançar o resort, já avisaram que se vão bater contra qualquer construção destes muros.

Numa entrevista conjunta ao Times of London e ao Bild, Trump chegou a classificar os obstáculos levantados à construção do muro de “truques ambientais para parar o projeto”. O republicano ainda argumentaria que as autoridades irlandesas deram rapidamente luz verde ao projeto e que foram os responsáveis europeus que o travaram. No entanto, como sublinha o The Washington Post, as autoridades irlandesas nunca chegaram sequer a autorizar a construção do muro — o projeto foi travado imediatamente no tribunal do condado.

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