A remota vila de Asotthalom, na Hungria, dispensa receber muçulmanos. Tanto que proibiu o uso da burka, a construção de mesquitas e a chamada para a oração. O autarca quer que o local seja um refúgio para os cristãos, onde o multiculturalismo fica à porta.

Em entrevista ao programa Victoria Derbyshire, da BBC, Laszlo Toroczkai chamou-lhe “a guerra contra a cultura muçulmana” e admite esperar que a vila receba cristãos de toda a Europa que “não gostam de viver numa sociedade multicultural”.

É muito importante para a aldeia preservar as tradições. Se um grande número de muçulmanos chegar aqui, não vão ser capazes de integrar a comunidade cristã” cita a BBC.

Laszlo Toroczkai proibiu roupa e orações muçulmanas e dificilmente serão construídas mesquitas. Contratou patrulhas de polícias que “guardam” a fronteira 24 horas por dia e demonstrações públicas de afeto entre casais do mesmo sexo também são contra a lei.

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O presidente da câmara não esconde as suas crenças e garante não ser um supremacista branco. “Mas porque somos brancos, os europeus, a população cristã, queremos ficar assim. Se fossemos negros queríamos ficar numa vila negra.”

Gostava que a Europa pertencesse aos europeus, a Ásia aos asiáticos e África aos africanos”, acrescenta.

Os cuidados são redobrados mas, atualmente, vivem apenas dois muçulmanos em Asotthalom, que não falam com receio de atrair as atenções. Há quem diga que os dois estão integrados e que não fazem mal a ninguém, mas há membros da comunidade que apoiam as controversas leis impostas por “receio dos migrantes”.

A crise de refugiados tem vindo a desencadear medidas anti-imigração em diversas localidades. Asotthalom fica a duas horas de Budapeste e a minutos da fronteira entre a Sérvia e a Hungria, que cerca de 10 mil refugiados atravessam todos os dias.