O ministro da Saúde afirmou, esta quarta-feira, que tem de ser o médico a avaliar, com o doente, o tempo de atendimento necessário, alegando que realidades distintas precisam de tempos diferentes.

De acordo com Adalberto Campos Fernandes, poucos minutos podem ser suficientes para cumprimentar um doente e passar uma receita, mas “para atender um doente oncológico não”.

O ministro reagia a uma ideia avançada ao jornal Público pelo novo bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, de estabelecer tempos mínimos para atender os doentes. O jornal noticiou que a Ordem quer fixar tempos “mínimos aceitáveis” para as consultas nos hospitais e centros de saúde, que poderão variar consoante as especialidades.

Adalberto Campos Fernandes abordou a questão durante um colóquio promovido pelo Fórum Hospital do Futuro, em Lisboa. Questionado pelos jornalistas no final do encontro, o ministro referiu que estará hoje [quarta-feira] presente na posse do bastonário e que haverá tempo para trabalhar esta questão com a organização representativa dos médicos.

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O que o senhor bastonário diz é definir níveis de segurança e termos de referência para uma prestação de cuidados de qualidade, que não tem tanto a ver com o tempo, mas com a dignificação da relação médico — doente.

Cada realidade é uma realidade, mas vamos trabalhar, depois da posse iremos ter muito tempo. Creio que é uma boa ideia que seguramente iremos ter muito tempo para analisar”, referiu.

O ministro disse ainda que há uma convergência de intenções e de princípios com os sindicatos dos médicos para a reposição das horas extraordinárias.

Tivemos uma reunião com os sindicatos médicos e transmitimos qual era a posição do governo sobre esta matéria, aguardamos a publicação do decreto-lei de execução orçamental e haverá uma reposição faseada do trabalho extraordinário dos médicos, como aliás sempre dissemos que iria acontecer”, sustentou.

O objetivo, sublinhou, é “voltar a chamar os médicos mais diferenciados e mais qualificados ao trabalho, nomeadamente ao trabalho urgente, reduzindo ao mínimo indispensável o trabalho com recurso ao trabalho de empresas, muitas vezes com recursos não diferenciados”.