O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, reiterou esta quinta-feira o seu compromisso com a consolidação da paz, avançando que o trabalho dos novos grupos criados para discutir descentralização e assuntos militares nas negociações com a Renamo vão arrancar em breve.

“Temos que tudo fazer para o restabelecimento da paz e é preciso saber que este processo exige diferentes etapas”, afirmou o chefe de Estado moçambicano, à margem de uma cerimónia de saudação por ocasião do seu aniversário, que se assinala esta quinta-feira.

Considerando que o alcance da paz em Moçambique exige “diferentes perceções”, Filipe Nyusi, que falava na presença do seu Governo, avançou que o trabalho dos dois grupos criados para, em separado, discutir a descentralização e os assuntos militares vão começar nos próximos dias.

“Ainda hoje estivemos em contactos para ver como o processo se inicia”, referiu Filipe Nyusi, acrescentando que as fórmulas para encontrar a paz são dinâmicas e ninguém, entre os moçambicanos, deve sentir-se excluído do processo.

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“Que todos nós fiquemos atentos”, frisou o chefe de Estado moçambicano, lembrando que o compromisso do seu executivo é com o bem-estar do povo e com a consolidação da paz.

Moçambique atravessa uma crise política, marcada, no centro do país, por conflitos militares entre as Forças Defesa e Segurança e o braço armado Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), que reivindica vitória nas eleições gerais de 2014, acusando a Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), no poder há mais de 40 anos, de fraude no escrutínio.

Em finais de dezembro, após conversas telefónicas com o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, o líder da Renamo, Afonso Dhlakama, declarou uma trégua de uma semana como “gesto de boa vontade”, tendo, posteriormente, prolongando o seu prazo para 60 dias para dar espaço às negociações.

Na semana passada, o Presidente moçambicano anunciou o fim da fase das negociações que envolve a medição internacional e, na segunda-feira, divulgou uma lista com os nomes que compõem os dois grupos que, em separado, vão discutir a descentralização e os assuntos militares, principais temas da agenda negocial.

Espera-se que as negociações entre as partes, agora neste novo modelo, sejam retomadas nos próximos dias.

Os dois novos grupos têm a missão de dar seguimento ao trabalho iniciado no processo negocial anterior, que integrava uma equipa de mediação internacional e que parou em meados de dezembro sem um acordo sobre os principais pontos de agenda.

Além do pacote de descentralização e da cessação dos confrontos, a agenda do processo negocial integra a despartidarização das Forças de Defesa e Segurança e o desarmamento do braço armado da oposição, bem como sua reintegração na vida civil.