Angela Merkel reuniu-se nesta quinta-feira com os governadores dos 16 estados federais da Alemanha para criar um plano para expulsar mais rapidamente os migrantes cujos pedidos de asilo são rejeitados. A gestão da chamada “crise dos refugiados” tem sido o calcanhar de Aquiles de Merkel, penalizando-a nas sondagens para as eleições de setembro.

Segundo dados citados pelo britânico The Times, a Alemanha rejeitou mais de 170 mil pedidos de asilo mas, destes, apenas repatriou 26 mil pessoas (55 mil saíram do país de forma voluntária). A saída voluntária continuará a ser a abordagem principal, garante a chancelaria, mas será necessário acelerar as deportações, caso contrário a Alemanha terá meio milhão de migrantes rejeitados no país até ao final do ano (segundo algumas estimativas).

“Estamos muito concentrados nas partidas voluntárias mas sabemos que elas não acontecerão se as pessoas souberem que as nunca vão ser repatriadas para o seu país de origem”, afirmou Angela Merkel aos jornalistas, após a reunião em que foi criado um plano de 16 pontos. Um desses pontos é a criação de “centros de partida” perto dos aeroportos, para acolher os migrantes até que estes possam ser deportados. Outra proposta é dar incentivos financeiros para a partida voluntária.

O reforço das regras surge numa altura em que Merkel, pressionada pelas sondagens, e depois de ter voltado a haver detenções de indivíduos islâmicos na Alemanha, potencialmente evitando mais um ataque terrorista. O homem que matou 12 pessoas no ataque ao mercado de Natal em Berlim, Anis Amri, era um radical islâmico tunisino a quem foi rejeitado o pedido de asilo mas que não tinha ainda sido expulso do país.

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O The Times cita uma sondagem da Chatham House que diz que 55% dos inquiridos em 10 países europeus, incluindo 53% na Alemanha, concordam que se “deve parar com toda a imigração de países maioritariamente muçulmanos“, uma posição semelhante à que acaba de ser assumida por Donald Trump, nos EUA.

Azul: Concordo; Verde: Não concordo nem discordo; Vermelho: Discordo Fonte: Chatham House

Na Alemanha entraram mais de um milhão de imigrantes desde 2015, fruto da política de “portas abertas” que terá custado a Angela Merkel uma boa fatia da popularidade que tinha. Merkel estará a tentar fazer o possível para recuperar alguns desses votos para conseguir a reeleição para um quarto mandato, e isso passa por mostrar uma política mais apertada no que toca à entrada de refugiados no país.