A notícia foi confirmada pelo Museu Nacional da Imprensa: morreu Manuela de Azevedo, a primeira mulher com carteira profissional de jornalista em Portugal. Tinha 105 anos e era a mais antiga repórter do mundo.

Diz o comunicado do Museu: “Depois da morte de Clare Hollingworth, no dia 10 de janeiro deste ano, em Hong Kong, Manuela de Azevedo era a repórter mais antiga do mundo. Deixa uma obra vasta que honra o jornalismo e o mundo das letras, já que foi romancista, ensaísta, poeta e contista, tendo escrito também peças de teatro, uma delas censurada pelo regime de Salazar. Cortado pela Censura foi também um artigo que escreveu em 1935 a defender a eutanásia”.

Manuela de Azevedo estava internada no Hospital de São José, em Lisboa, desde terça-feira, confirmou o Sindicato dos Jornalistas numa nota de pesar, instituição da qual Manuela de Azevedo era a mais antiga associada. “A Direção do Sindicado dos Jornalistas manifesta o seu profundo pesar pela morte de Manuela de Azevedo, a quem prestou homenagem a 31 de agosto do ano passado, data em que completou 105 anos”, diz o mesmo texto, publicado no site oficial do Sindicato. Nessa homenagem, “Manuela de Azevedo recordou vários episódios da sua carreira, com uma memória descritiva invejável. E deixou conselhos para quem abraça a missão de serviço público que deve ser o jornalismo. ‘O jornalista diz o que pensa e pensa o que diz’, realçou”.

Manuela de Azevedo nasceu a 31 de agosto de 1911. Foi redatora do jornal República, onde começou o seu percurso profissional. Passou pelo Vida Mundial, onde chefiou a redação e pelo Diário de Lisboa. Aos 85 anos terminou a carreira no Diário de Notícias.

O jornalismo e a crítica de teatro foram as suas principais atividades mas não as únicas. Foi uma das responsáveis pela fundação da Casa-Memória de Camões (em Constância). Enquanto escritora, assinou romances, ensaios e poesia, publicada no livro “Claridade”.

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