Quatro pessoas, incluindo jornalistas, foram detidas este sábado pelo Serviço Bolivariano de Inteligência (Sebin, serviços secretos venezuelanos) no estado de Zúlia, no oeste da Venezuela, quando recolhiam informações sobre obras em execução pela empresa brasileira Odebrecht.

Segundo a organização não governamental Transparência Venezuelana, as detenções ocorreram pelas 12:00 locais de sábado (16:30 horas em Lisboa) e foram detidos o coordenador daquela organização em Zúlia, Jesus Urbina, a sua assistente e jornalista Maria Jose Tua e os brasileiros Leandro Stoliar (jornalista) e Gilzon Sousa de Oliveira (operador de câmara).

“Encontravam-se a recolher informação nas instalações da segunda ponte sobre o lago de Maracaibo ou Puente Nigale, localizada em Maracaibo (cidade), estado de Zúlia, obra que é executada pela empresa brasileira Odebrecht e é responsabilidade do Ministério de Transportes Terrestres e Obras Públicas [da Venezuela]”, explica um comunicado da ONG.

Segundo a Transparência Venezuela, os quatro “foram detidos por uma comissão do Sebin que os escoltou até à sede” dos serviços secretos, em Maracaibo, e à chegada “tiraram-lhes os telefones celulares”.

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“A Transparência Venezuela exige a libertação imediata dos ativistas e jornalistas detidos, e condena esta detenção arbitrária de parte do Sebin”, explica o documento, a que a agência Lusa teve acesso.

A ONG faz “um apelo à Defensoria do Povo [espécie de procuradoria popular], para que se apresente no lugar da detenção e garanta o direito ao trabalho e à livre informação”.

Diversas fontes dão conta de que a detenção teve lugar no momento em que os jornalistas paravam a viatura para fazer algumas fotos e vídeos ao viaduto, cuja construção foi encomendada à Odebrecht.

A obra “tem um atraso de sete anos”, segundo as fontes.

A construção do viaduto foi anunciada no ano de 2005, pelo falecido Presidente da Venezuela, Hugo Chávez, prevendo-se então que fosse inaugurada em 2010.