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Phileas resgatou cadeados da Ponte das Artes e procura os donos apaixonados

Este artigo tem mais de 5 anos

Eram cerca de um milhão de cadeados com juras de amor presos na Ponte das Artes, em Paris. Pesavam tanto que parte da ponte ruiu. Phileas resgatou 800. Agora a sua profissão é procurar os apaixonados.

A autarquia de Paris decidiu retirar os cadeados da Ponte das Artes por medo que o peso a pudesse fazer ruir
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A autarquia de Paris decidiu retirar os cadeados da Ponte das Artes por medo que o peso a pudesse fazer ruir

A autarquia de Paris decidiu retirar os cadeados da Ponte das Artes por medo que o peso a pudesse fazer ruir

Tudo começou com um email da China. Em chinês. Que demorou seis meses a traduzir.

Era um casal que, do outro lado do mundo, pedia ajuda a um outro: a Phileas e Amina, de 48 e 42 anos, que gerem juntos um pequeno estúdio de restauro e venda de antiguidades em Paris e que, desde 2014, se dedicam também a procurar os donos dos cadeados que durante meia década trancaram mais de um milhão de juras de amor na Ponte das Artes, no centro de Paris.

“Isto começou com um e-mail de um casal chinês, que tinha visto na internet que os cadeados iam ser retirados da ponte. Suponho que depois tenham procurado também um sítio que vendesse chaves e vieram dar ao nosso estúdio de restauro de peças antigas, que inclui chaves, e pediram-nos que fizéssemos uma chave e lá fossemos à ponte buscar o cadeado deles”, diz Amina ao telefone com o Observador, em alta voz, para que possa falar ao mesmo tempo que Phileas.

Em pouco mais de seis meses, o casal resgatou 800 cadeados — todos os possíveis antes de serem removidos definitivamente pela autarquia em junho de 2015. Além do trabalho na loja, parte dos seus dias são agora passados “à procura dos apaixonados” a quem estas promessas pertencem.

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Phileas e Amina, e as “suas” chaves. D.R.

Dentro do ramo do restauro e venda de antiguidades, a família especializa-se em fabricar chaves para guarda-joias, baús e armários antigos que estejam fechados e vendem também chaves antigas, avulso, como peças simbólicas de amor e felicidade, que personalizam para cada cliente. A dificuldade não era fazer uma chave para o casal chinês, que, como milhares de outros, atiraram as que abririam o seu cadeado para o rio Sena. Nem a de encontrar, no meio de tantas as que há no estúdio, uma que servisse no cadeado. A parte difícil da encomenda seria encontrar o cadeado do casal chinês no meio de um milhão deles.

Uma profissão nova

E porquê alforriar todos estes corações? “O Phileas é um tipo romântico, então decidiu tirar o seu dia de folga, durante seis meses, para ir até à ponte tentar recuperar uma parte das histórias de amor das milhares de pessoas para as quais aquele gesto teve um grande significado”, diz Amina.

Todos os dias, até as autoridades terem colocado uns painéis de plástico para impedir que mais cadeados fossem pendurados no ferro forjado da ponte, Phileas saia de casa com um saco com “algumas 150 chaves”, todas as que lhe pareciam passíveis de poderem abrir as minúsculas fechaduras. Em seis meses conseguiu reaver cerca de 800 cadeados, cujas fotografias está a colocar na sua conta de Instagram à espera que alguém o contacte. “Quando vejo nomes menos comuns ainda vou procurar à internet a ver se encontro as pessoas, mas os nomes mais comuns é impossível. Até agora fomos contactados por um casal norte-americano e outro australiano que já reconheceram os seus cadeados, mas ainda não pediram que os devolvêssemos”, conta Phileas.

Aqui está um pouco do dia-a-dia do casal:

O amor é um perigo. E como pesa! Tudo isto aconteceu porque a Ponte das Artes não conseguiu suportar as 45 toneladas de cadeados ali pendurados. Em junho de 2014, parte da ponte ruiu. Era como se, todos os dias, passeassem pela ponte, ao mesmo tempo, dez elefantes asiáticos.

Phileas e Amina pedem para não escrevermos o seu nome de família porque “não querem ser famosos” e “não querem vender nenhum dos cadeados”, uma vez que “não são propriedade de mais ninguém, apenas do casal que lá o colocou e que possivelmente não gostaria de ver vendida uma coisa sem preço possível”. De facto, não há muito na imprensa internacional sobre este casal que desde novembro de 2014 se dedica a resgatar símbolos do amor alheio. Mas as coisas podem ter mudado na última semana.

Um nome pouco comum, mas muito conhecido

Ao fazer o inventário, o casal descobriu recentemente um cadeado muito especial. Diz que é de uns tais Obama. “2009. Vinte anos de amor”, lê-se na parte de trás do coração dourado com os nomes Michelle e Barack.

À la rencontre de l'amour #obama #lovelock #paris #pontdesarts #loveforever

Uma foto publicada por Phileas Le Cléateur (@phileaslecleateur) a

“Não posso ter a certeza absoluta de que o cadeado é de facto do casal Obama, mas são nomes pouco comuns e, além disso, eles estiveram mesmo em Paris em 2009 e conheceram-se de facto em 1989”, conta Phileas.

Um jornalista francês com contactos em Washington já prometeu tentar fazer chegar a mensagem ao ex-presidente dos Estados Unidos mas “ele tem estado de férias”, ri-se Phileas.

Este cadeado em especial é uma cápsula para tudo aquilo em que Phileas acredita. “O amor deles é inspirador. Eles não tinham vergonha de demonstrar amor e deram ao mundo imensas imagens do seu amor, inspiraram milhões e milhões de pessoas. Quero acreditar que é deles, quero acreditar!”, diz Phileas.

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