Orgulho e dever cumprido foram os sentimentos expressados pelos 52 elementos da Força Especial de Bombeiros (FEB) que regressaram esta segunda-feira a Portugal, depois de duas semanas a combaterem os piores incêndios do Chile.

“Sentimos orgulho com o nosso trabalho, mas também com uma população do Chile que nos deixou (…) sensibilizados”, disse aos jornalistas o comandante da FEB e que liderou a missão, José Realinho.

Os 52 bombeiros portugueses fizeram parte de uma força da União Europeia que, desde 27 de janeiro combatia incêndios no Chile, dando resposta a um pedido de assistência internacional apresentado pelas autoridades chilenas no quadro do Mecanismo de Proteção Civil da União Europeia. Além de Portugal, participaram nesta missão bombeiros de França e Espanha, que foram recebidos no Aeroporto Figo Maduro, em Lisboa, pelo secretário de Estado da Administração Interna, Jorge Gomes, comissário Europeu da Ajuda Humanitária e Gestão de Crises, Christos Stylianides, e embaixador do Chile em Portugal, Germán Guerrero.

“Penso que conseguimos dar o nosso contributo no maior incêndio do Chile. Sentimos-nos muito realizados por isso, fomos muito bem recebidos pela população chilena“, adiantou o comandante da FEB, sublinhando que, tecnicamente, os 52 bombeiros portugueses estavam preparados e não sentiram qualquer dificuldade.

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Os bombeiros portugueses atuaram na Região de Maule, província de Talca, um dos locais onde ocorreu o maior incêndio, e trabalharam em conjunto com as entidades e meios aéreos chilenos. José Realinho disse que o tipo de combate que a FEB faz em Portugal é muito idêntico aos bombeiros do Chile, que também utilizam o mesmo material de sapador e fazem as deslocações a pé com o apoio de meios aéreos. O comandante da FEB acrescentou que não tiveram problemas de integração, tendo os portugueses começado a combater incêndios um dia depois de terem chegado ao Chile.

Durante os 16 dias, a missão portuguesa não teve de defender qualquer aglomerado populacional e apenas fez um combate “direto e indireto à linha de fogo”. Para José Realinho, os bombeiros portugueses contribuíram para a resolução do problema e o Chile teria “mais dificuldades” em extinguir os incêndios sem esta ajuda internacional.

Por sua vez, o oficial de ligação da missão portuguesa e adjunto de operações nacional da Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC), Miguel Cruz, disse aos jornalistas que os ganhos com estas missões são grandes, não só do ponto de vista da formação profissional, mas também humano.

“Muito nos emocionou a forma como fomos recebidos”, afirmou, sublinhando que “foi importante do ponto de vista técnico, porque se concluiu que a intervenção em Portugal não é muito diferente daquela que ocorre no Chile. A FEB está muito bem preparada para este tipo de intervenções e deu provas disso”. Atualmente, os incêndios no Chile estão extintos, mas, segundo avançou o secretário de Estado da Administração Interna, deflagraram mais de 3.000 fogos, que provocaram 11 mortos, destruíram 1.900 habitações e uma área ardida de 600 mil hectares.

Jorge Gomes disse também que o envio de bombeiros para o Chile “é uma mensagem de solidariedade e de responsabilidade” do povo português, referindo-se aos cinco bombeiros chilenos que, em 2005, morreram em Portugal durante o combate a um incêndio.

O comissário Europeu da Ajuda Humanitária e Gestão de Crises agradeceu aos bombeiros de Portugal, França e Espanha, em nome da Comissão Europeia, considerando que “sua bravura e dedicação” salvou vidas. “Numa altura em que os valores europeus são questionados, foram os melhores embaixadores destes valores. Do que a Europa representa”, frisou Christos Stylianides.