A Comissão Europeia reviu em alta as suas previsões e está mais otimista que o Governo, antecipando que a economia portuguesa tenha crescido 1,3% no ano passado e que venha a crescer 1,6% este ano, fruto de um forte desempenho na segunda metade do ano passado, em especial no turismo. Mas a economia vai criar menos emprego e os problemas no setor bancário podem fazer com que a economia cresça menos, adverte Bruxelas.

Era a mais pessimista, passou a ser a mais otimista. A Comissão Europeia reviu as previsões que fez em novembro e traz consigo boas notícias para o Governo.

A economia terá crescido mais em 2016 (os primeiros números para a totalidade do ano vão ser conhecidos esta terça-feira), ainda que abaixo da média da zona euro e da União Europeia, e deverá acelerar este ano de 1,3% para 1,6% à boleia de um turismo forte e de exportações que estão a crescer mais do que a procura de mercado, ganhando assim quota de mercado.

O resultado, a ser alcançado, permitiria que a economia portuguesa crescesse tanto como a média da zona euro, que até foi revisto em alta, já este ano, mas sem mudanças de política, dentro e fora de Portugal, a Comissão Europeia espera ver a economia a abrandar novamente em 2018, para os 1,5%.

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Recorde-se que a economia portuguesa tinha vindo a acelerar desde o resgate até 2015, ano em que cresceu 1,6%, mas abrandou no ano passado. A confirmarem-se estas previsões, voltaria a verificar-se a mesma tendência em 2018 e a economia portuguesa voltaria a divergir da média da zona euro, algo que já acontece em relação à média dos 28 e que Bruxelas prevê que assim continue.

Economia vai criar menos emprego

É um alerta que já tinha sido feito pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) há uma semana e que volta ser feito pela Comissão Europeia: a criação de emprego vai abrandar este ano. O primeiro ponto de destaque é que Bruxelas melhorou a previsão que tinha para o crescimento do emprego no ano passado, de 1% para 1,3%, uma diferença substancial quando se compara com a previsão que o Governo tinha, que apontava para que o emprego crescesse 0,8%.

Esta tendência começa a inverter-se já este ano nas previsões de Bruxelas, que apontam para que o emprego cresça 0,8%. Em 2018, a criação de emprego desce para os 0,6%. Não é nova a expetativa da Comissão Europeia, que nas previsões de novembro já dizia que a criação de emprego devia abrandar em 2017 e 2018, e até uma décima abaixo.

Os técnicos explicam esta evolução com um menor crescimento do consumo privado devido à estabilização dos salários, e apontam o dedo à subida que já tinha acontecido nos salários, não citando diretamente (como o costumam fazer e como a OCDE já o fez) a subida do salário mínimo como um dos efeitos que poderá estar a afetar as decisões das empresas de contratar novos trabalhadores.

No final de contas, a taxa de desemprego deverá ter ficado acima em uma décima do que era esperado em novembro, ou seja em 11,2% em vez de 11,1%, mas as previsões para os anos seguintes são mais animadoras: este ano o desemprego deve cair para os 10,1% e em 2018 para os 9,4%, melhor que o esperado pela OCDE, que antevê o desemprego acima de 10% até ao final de 2018.