O diferendo não é de hoje. Remonta, pelo menos, a 2015, quando o Estado francês aumentou a sua participação na Renault de 15% para 20%, sem dar grande importância à posição sobre a matéria quer da administração da marca, quer de Carlos Ghosn, o CEO tanto da Renault como da Nissan, e também da aliança que as une desde 1999.

Agora, porventura impulsionado pela apresentação dos resultados financeiros recorde registados pela casa de Billancourt em 2016, Ghosn volta ao tema, afirmando que as duas marcas estão prontas para estreitar os laços que as unem, e a aprofundar a sua parceria. Mas impõe uma condição: que o Estado francês venda a posição que ainda detém na Renault, e isto porque os responsáveis da marca japonesa não estarão dispostos a incrementar a consolidação no consórcio enquanto o Governo detiver direitos de voto no mesmo.

Em declarações aos jornalistas, Carlos Ghosn foi peremptório: “Na sequência da novela que marcou a duplicação dos direitos de voto, e a discussão com o Estado francês, a Nissan disse muito claramente que não aceitará qualquer alteração à estrutura do capital enquanto o Estado francês se mantiver como accionista.” Algo que não é irrelevante quando se sabe que os laços que unem as duas empresas assentam, juntamente, na participação cruzada de acções, já que Renault e Nissan continuam a ser entidades independentes, cada qual com a sua administração.

Para reforçar o seu ponto de vista, o CEO das duas marcas acrescentou: “No dia em que o Estado francês decidir sair, tudo está em aberto, e posso adiantar que não demorará muito tempo. Mas enquanto aqui estiverem, e continuarem a querer ser accionistas da Renault, a aliança continuará a ser o que é hoje.”

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