A história do verdadeiro James Bond, um espião jugoslavo, considerado o mais extraordinário agente duplo da II Guerra Mundial, segundo a editora, que serviu de inspiração a Ian Fleming para criar 007, chega às livrarias no próximo dia 20.

“Na Toca do Lobo, a história do James Bond da vida real” é o título do livro da autoria de Larry Loftis, que faz o relato da vivência do espião jugoslavo Dusko Popov, parte dela passada entre Lisboa e o Estoril, com as histórias de espionagem, mentiras, altos riscos, sedução, patriotismo e coragem que a compuseram.

Trata-se de uma história real, mas que poucos conhecem, um trabalho de não ficção que alia o ‘thriller’ ao relato biográfico. Para conseguir fazer este livro, Larry Loftis analisou documentos desclassificados da II Guerra Mundial, desde contas de hotel, a cartas e memórias esquecidas. A pesquisa do autor foi de tal forma meticulosa, que Larry Loftis conseguiu identificar o momento exato em que Ian Fleming encontrou pela primeira vez a personagem de James Bond.

Foi em Portugal, no Casino do Estoril, em maio de 1941, e o episódio que se passou é descrito no livro desta forma: “O ambiente do casino estava ao rubro. Um misterioso jogador sérvio não dava qualquer hipótese aos seus adversários. Tratava-se de um agente duplo britânico, Dusko Popov, e o dinheiro que apostava pertencia aos súbditos de Sua Majestade”.

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Acontece que Ian Fleming — na altura também em Lisboa enquanto agente do MI-6, ao serviço do esforço de guerra dos Aliados – assistia com interesse ao desenlace desta proeza e foi a partir daqui que criou a personagem do famoso agente secreto 007, com a qual alcançaria a fama. Esse episódio daria origem àquele que seria o seu primeiro livro do 007, “Casino Royale”, mas Ian Fleming só viria a admitir que o seu James Bond fora criado à imagem do espião jugoslavo antes de morrer.

Desde muito cedo, Dusko Popov destacou-se como um rebelde ‘playboy’, que foi expulso da escola preparatória de Londres e, mais tarde, preso e banido da Alemanha por fazer declarações desfavoráveis ao Terceiro Reich.

Foi neste período que começou a aventura da sua vida ao transformar-se no mais charmoso e bem-sucedido dos espiões, servindo três poderosos mestres de guerra: Abwehr, MI5 e MI6 e FBI, os serviços de espionagem da Alemanha, Reino Unido e Estados Unidos. A 10 de Agosto de 1941, os alemães enviaram o espião aos EUA para construir uma rede de espionagem e reunir informações sobre Pearl Harbor.

Desiludido com J. Edgar Hoover, então diretor do FBI, por este ter ignorado os seus avisos sobre o interesse dos japoneses em Pearl Harbor, Dusko Popov regressou à sede dos serviços alemães em Lisboa e, mantendo o jogo duplo, conseguiu ajudar o MI5 a enganar a Abwehr, quanto à invasão do dia D.

Sob a ‘máscara’ do diplomata jugoslavo, Dusko Popov viveu intensamente as mais perigosas aventuras e saiu ileso de todos os conflitos, sendo simultaneamente conhecido pela sua vida promiscua e por cortejar mulheres durante as missões. O livro foi muito bem recebido pela crítica nos Estados Unidos que o classificaram como uma “aventura real” com todos os ingredientes para “ser bombástica”, ou um “exímio trabalho de não ficação”, baseado em “boas pesquisas”, que “consegue unir com sucesso o thriller ao relato biográfico”.

Michael Morell, ex-diretor da CIA, sublinhou tratar-se de uma história desconhecida até dos “espiões dos dias de hoje”, um livro “notável”, escrito “ao estilo dos melhores ‘thrillers’ de espionagem”, que é “impossível parar de ler”.

Editado pela Vogais, chancela da editora 2020, o livro vai estar à venda nas livrarias a partir do dia 20 de fevereiro, mas o seu lançamento oficial ocorre na sexta-feira, com a presença do autor. Larry Loftis é advogado norte-americano, autor de artigos de referência de natureza jurídica e de dois livros de não-ficção.