Um dos beijos mais famosos da história aconteceu em Paris e foi captado pelo fotógrafo francês Robert Doisneau. Alguns acreditaram na espontaneidade do momento, mas outros afirmaram que a imagem tinha sido encenada.

O fotógrafo confirmou que tinha sido tudo encenado mas a história não era clara. A sua filha, Francine Deroudille, desmistifica agora a fotografia do beijo, em conversa com a BBC.

A fotografia foi publicada pela revista Life — para um artigo sobre o amor em Paris — e, nos anos seguintes, o fotógrafo chegou a ser processado por diversos casais que reclamavam ser os protagonistas da imagem mas Doisneau revelou que o momento tinha sido encenado com Françoise Bornet e Jacques Carteaud, dois estudantes de teatro. Francine explica que devido aos direitos de imagem, o seu pai preferia usar amigos e jovens atores nas suas fotografias.

Tudo aconteceu numa tarde de março em 1950. Robert Doisneau saiu para a rua com os dois jovens atores e “simplesmente deixou-os ser“, ou seja, deixou-os fazer o que quisessem, observando-os de perto. Os jovens caminharam, conversaram, deram as mãos e acabaram por se beijar. Nada combinado, tudo gestos espontâneos.

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Os seus modelos não eram modelos no sentido que não pousavam. Doisneau simplesmente captou-os ‘namoriscar’ e a beijarem-se, de uma forma muito natural” explica Francine.

O beijo ocorreu na rua de Rivoli, em frente ao Hôtel de Ville (Câmara Municipal de Paris), com Doisneau sentado num café. À volta do jovem casal passam carros e trausentes indiferentes à cena. Para o fotógrafo a imagem não era nada de extraordinário, apenas reconhecia que as pessoas gostavam das suas fotos “porque veem nelas o que veriam se parassem de se apressar e tirassem um tempo para apreciar a cidade”. Mas quando 30 anos depois a fotografia é publicada em cartaz e se torna um fenómeno de sucesso imediato e global, Robert Doisneau teve de reconhecer que era especial.

Todos nós percebemos que representava uma fantasia perfeita. Ela encapsula a visão do mundo de Paris como a cidade do amor e da liberdade.

A filha do fotógrafo garante que na época, nos anos 50, Paris era a capital das artes, da cultura e da liberdade. O fotógrafo era um apaixonado pela cidade, assim como o resto do mundo.

As revistas americanas estavam muito interessadas em histórias de Paris, especialmente em histórias sobre a vida nas ruas de Paris onde as pessoas se comportavam muito mais livremente do que em qualquer lugar na América. Mesmo nas ruas de Nova Iorque, os casais não eram visto a beijarem-se e certamente nunca tão despreocupadamente.