Notícia atualizada às 20h08 com reportagem no local.

O café Ruby fica de frente para a Praia Formosa, em Santa Cruz, no concelho de Torres Vedras. O proprietário, João Carvalho, pouco depois de abrir o estabelecimento na manhã desta sexta-feira, seguiu um cão até ao miradouro (o areal é logo abaixo e o acesso feito através de uma escadaria íngreme) e foi surpreendido pelo que de lá viu. “Vi um corpo deitado na areia, perto da rebentação. Não sabia se estava morto ou não. Mas liguei logo para a polícia. É isso que se faz, não é verdade?”, recorda.

O alerta de João aconteceu por volta das 9h48. Chegada ao local, a Polícia Marítima encontraria o corpo de “um jovem” no areal e, mais adiante, “cinco minutos depois, a uns 150 metros”, uma mulher de “meia idade”. A descrição foi feita ao Observador pelo comandante local da Polícia Marítima de Peniche, Serrano Augusto, acrescentando este que “o óbito foi declarado por volta das 12h30 e os corpos retirados do areal pelas 16h30”, seguindo daí para o Instituto de Medicina Legal de Torres Vedras para “identificação”.

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A investigação está agora a cargo da Polícia Judiciária (PJ), que descartou entretanto a hipótese de crime. À agência Lusa, fonte da PJ avançou igualmente que “não há indícios de envolvimento de terceiros” neste caso. No entanto, e durante a manhã, a PJ recolheu (no alto de uma falésia na Praia Formosa de onde, alegadamente, as vítimas terão caído) “objetos pessoais e documentos” pertencentes a uma das vítimas. A informação foi confirmada ao Observador pelo comandante local da Polícia Marítima de Peniche.

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Embora a identidade das vítimas (e causa da morte) não tenha sido ainda divulgada, o proprietário do café Ruby confirmou que se tratariam de mãe e filho. “ Se os conheço? Mais ou menos… Sei que são daqui [Santa Cruz]. O meu filho é que trabalha com eles, na [Eugster &] Frismag, que é uma empresa de máquinas de café na Fonte Grada. O rapazinho era da idade do meu filho: tinha uns 25 anos. ”

Pouco mais João Carvalho sabe deles. Mas do pouco que sabe, não esperaria tão trágico desfecho. “O que sei é que o meu filho me disse. Disse-me que eles [mãe e filho] trabalhavam mesmo de frente um para o outro lá na fábrica. E que aparentemente tinham uma relação normal, de mãe e filho. O marido é que já tinha morrido”, explica, atirando depois: “Mas isto aqui é muito comum!” Isto? “Sim, sim. Estou aqui vai para oito anos. Assim de cabeça, lembro-me de uns dez casos, talvez mais, de pessoas que se atiraram ali de cima. Olhe, é assim a vida…”

O comandante Serrano Augusto explicou ao Observador que tem conhecimento de “alguns casos” de suicídios em falésias, “sobretudo no Alto da Vela”, também em Santa Cruz, não confirmando se este se tratará ou não de um.