O fundador do Facebook admitiu que a rede social aloja “desinformação e até mesmo conteúdo enganoso” e comprometeu-se a investir mais para oferecer aos utilizadores informação verdadeira, depois da polémica sobre as eleições norte-americanas.

O Facebook tem sido duramente criticado pelo impacto que o seu algoritmo de informação – com a divulgação de notícias e conteúdos falsos polarizados – terá tido no resultado do sufrágio que elegeu Donald Trump como presidente dos Estados Unidos. De acordo com a agência Efe, numa carta em tom messiânico de quase seis mil palavras, Mark Zuckerberg reconheceu que a rede social já não está só num registo de encontro de amigos e familiares, mas sim como fonte de informação e discurso público que requer novas regras. O executivo destacou que as notícias falsas e os filtros de informação que reduzem a diversidade dos pontos de vista pelos utilizadores nas redes sociais foram “os problemas mais discutidos no ano passado”.

“A veracidade da informação é muito importante. Estamos conscientes de que há informação errada e inclusivamente conteúdo claramente enganoso no Facebook (…). No ano passado, a complexidade dos problemas que tivemos de abordar ultrapassou os processos existentes de governação da comunidade”, sublinhou.

Zuckerberg reconheceu “erros” como a retirada da foto icónica da guerra do Vietname em que aparece uma criança nua ou os vídeos de denúncia de abusos policiais contra a população afroamericana, assim como a classificação mal feita de conteúdos políticos. “Temos de mitigar os efeitos poderosos do sensacionalismo e da polarização que levam a uma perda do consenso”, disse.

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O fundador da rede social adiantou que o Facebook vai investir mais no tratamento da oferta de informação verdadeira aos utilizadores, com uma amplitude maior de perspetivas, uma “pintura mais completa” com amplo espectro de opiniões, do que em censurar a desinformação. Adiantou que a rede social poderá colocar em marcha mais iniciativas para potenciar uma imprensa forte. Zuckerberg detalhou a rota “a longo prazo” da rede social, em que a inteligência artificial e a autorregulação dos utilizadores estão muito patentes e cuja filosofia se resume em “construir uma infraestrutura social para a comunidade global”.

A estratégia passa por cinco objetivos: fomentar a coesão social, contribuir para uma sociedade mais informada, fazer do mundo um lugar mais seguro, encorajar o compromisso cívico e político e criar uma rede mais inclusiva. O fundador do Facebook espera que a sua comunidade tenha um “impacto positivo” no mundo, fortaleza o consenso e reduza a dissensão, o isolamento.

“O mais importante que podemos fazer no Facebook é desenvolver uma infraestrutura social que permita construir uma comunidade global que nos sirva a todos (…). O Facebook não tem todas as respostas, mas estou convencido de que podemos desempenhar um papel”, defendeu.